Por Rosa Ramos



A UBI acolheu o encontro de portugueses e espanhóis durante três dias

A terceira edição do Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico da UBI ficou marcada, este ano, e numa altura em que o universo dos licenciados em letras atravessa uma situação algo difícil, pela notícia de que farão parte integrante da licenciatura em Língua e Cultura Portuguesas (LCP) as especializações em Escrita Criativa e Gestão Cultural.
A Linguística, a Narrativa, a Tradução, os Novos Horizontes da Literatura, as suas relações com a Cultura, a Poesia e os Jovens Autores foram os temas que assumiram papéis de destaque na edição do encontro deste ano. A par das conferências com portugueses e espanhóis ligados às letras, do Encontro Ibérico de 2005 constou, ainda, a inauguração de uma exposição dedicada ao poeta andaluz Luis Cernuda, o lançamento da revista “À Beira” da responsabilidade do Departamento de Letras (ver caixa de texto) e também um concerto com Luísa Beirão, do coro do Teatro Nacional de S. Carlos, no Fundão.
O Fundão foi, aliás, o local escolhido para a realização do terceiro dia do Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico. “Tivémos, por parte da Câmara do Fundão, desde o primeiro encontro, um apoio financeiro que retribuímos desta forma”, explica Maria Antonieta Garcia, Presidente do Departamento de Letras da UBI e responsável pela Comissão Organizadora.
Reflexo do espírito hispânico que existe na UBI, este III Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico contou com a participação, na Sessão Inaugural, do reitor da UBI, Santos Silva, a Conselheira da embaixada de Espanha em Lisboa, e o Director do Instituto Cervantes.
Com o objectivo de descobrir relações, possibilidades de cooperação e lançar pontes entre as duas culturas peninsulares, este III Encontro Ibérico, que reuniu professores, poetas, intelectuais e escritores portugueses e espanhóis mostrou que a formação não pode limitar-se às paredes das salas de aulas. Maria Antonieta Garcia, já no final da conversa com o URBI, referiu que este intercâmbio entre os dois países é de extrema utilidade. “Queremos que se mantenha e que se concretize em projectos de investigação”, conclui.




Quarto número de “...À Beira” lançado durante o Encontro

Situada na região da raia, a nossa universidade sente-se em muitos momentos da sua vida académica como uma ponta de Sagres dos Oceanos Ibéricos – daí que procure lançar projectos inovadores de descoberta do outro peninsular: esse fascinante, riquíssimo arquipélago cultural a que chamamos Espanha.
in texto de Apresentação do quarto número de “...À Beira”

A revista “...À Beira”, que já vai sendo uma tradição do Departamento de Letras, foi lançada no segundo dia deste III Encontro Ibérico. Apontando para novos caminhos das letras, esta quarta edição, que promove e aproxima estudos científicos entre Portugal e Espanha, constitui um incentivo maior à criatividade dos autores.
Deste quarto número da revista constam as actas do “II Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico” celabrado nos dias 30 e 31 de Maio de 2004. Ainda no campo da Literatura, nele se publicam fragmentos de romances de Mário Cláudio, que se relacionam, em muito, com a realidade espanhola.
Dividida em seis partes distintas, da revista constam Estudos Linguísticos de José Ferreras Estrada e Juan Carrasco González, poesia de autores como Rita Taborda Duarte, Gastão Cruz, Jesús Losada, Joan Gonper, Juan Antonio González Iglesias e Nuno Júdice, Estudos Culturais de António dos Santos Pereira e Fernando Augusto Machado. No domínio da ficção, figuram na revista do Departamento de Letras textos de Gabriel Magalhãoes, Mário Cláudio e Paloma Díaz-Mas. Os jovens autores não foram esquecidos nesta quarta edição. Deste modo, Andrés Neuman, Antonio Lucas, Gonçalo M. Tavares, Miriam Reyes, Pedro Sena Lino e Rafael Dionísio publicam textos diversos, desde a poesia ao conto. “Correr atrás da lua perdida” é a particularidade desta edição. Trata-se de uma experiência surrealista realizada pelos alunos finalistas de LCP em 2004, em forma de poesia.




Este conhecido espanhol foi homenageado durante o evento



Exposição "Luís Cernuda (1902 -1963)"


Iniciativa da Junta de Andalucía, em colaboração com o Centro Andaluz de las Letras e a Residência de Estudiantes, a exposição “Luís Cernuda (1902-1963) ” pretende celebrar a memória deste poeta andaluz da geração de 1927.
Deste modo, e até dia 26 deste mês, estarão no Museu dos Lanifícios 29 painéis, que propõem uma visita ao interessante percurso do autor. Integrada no programa do III Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico, a exposição inicia-se com dois painéis onde se encontra uma cronologia completa, elaborada por James Valender, comissário da exposição. Os restantes 27 painéis apresentam um resumo biográfico do poeta, com uma secção dedicada à reprodução de quatro poemas do autor que se intercalam com o argumento da exposição. O texto entrelaça-se, deste modo, com reproduções fotográficas que ilustram o trajecto de vida do poeta ao longo de todos os painéis.
Reproduções fiéis de manuscritos, resumos, documentos pessoais, cartas e primeiras edições dedicadas também constam da exposição. Todos estes elementos permitirão, a quem visita, seguir a biografia de Cernuda, desde Sevilha (a sua terra natal) até ao México, onde acabaria por morrer, em exílio, passando por uma aproximação ao universo deste autor, que produziu uma das poéticas mais sólidas do século XX.