Fundão "pega fogo"
Presidente dos Bombeiros pode demitir-se

O líder da direcção dos voluntários fundanenses, Miguel Campos, admite demitir-se do cargo caso persista na opinião pública a ideia de que os bombeiros recebem subsídios em função da área ardida. Manuel Frexes, diz que as suas declarações não tinham o objectivo de atingir os bombeiros.

NC / Urbi et Orbi

O responsável pela corporação dos Bombeiros do Fundão não gostou das declarações do autarca

Continua envolta em polémica a relação entre os Bombeiros Voluntários do Fundão e a autarquia local. Agora, foi a vez do presidente da direcção dos Bombeiros, Miguel Campos, admitir a demissão do cargo se persistir a ideia na opinião pública de que os bombeiros recebem subsídios em função da área ardida. Segundo este responsável, umas polémicas declarações do autarca fundanense, Manuel Frexes, é que estiveram na origem desta ideia que trouxe graves consequências para a corporação.
“Isto é inadmissível. É uma perigosa mentira pública que teve reflexos bem directos através de apedrejamentos, injúrias e mesmo confrontos físicos e é um grande factor de desmotivação interna" afirma este responsável. Já Manuel Frexes diz que " nunca teve o objectivo de atingir os bombeiros voluntários do Fundão". Miguel Campos considera, no entanto, que este esclarecimento não teve o impacto que deveria para esclarecer a população e por isso enviou a todos os órgãos de comunicação social da região um comunicado esclarecendo a situação. " Uma forma de dissipar e acabar com este boato” afirma.

O que diz o comunicado

A direcção da corporação diz que as declarações de Frexes, no início do mês de Agosto, “davam a entender” que vigorava uma medida que consistia na atribuição de subsídios aos bombeiros em função da área ardida. Uma afirmação “infundada e destituída de qualquer sentido”, explica a direcção dos Bombeiros, mas de enorme gravidade por atentar à honra e dignidade dos voluntários, expondo-os à “compreensível ira e indignação das populações”. Depois disto, bombeiros e autarquia ficaram de reunir e terá ficado combinado que, a 23 de Agosto, Manuel Frexes, em reunião de Câmara, iria esclarecer o sentido das suas afirmações. Os bombeiros queriam um esclarecimento que tivesse “força”, de modo a evitar-se “a propagação de um boato altamente lesivo”. Só que, “na aludida reunião, nada foi dito”.
A direcção dos bombeiros diz que foi posteriormente informada de que Manuel Frexes daria uma conferência de imprensa no dia 25, para esclarecer os diversos órgãos de comunicação social, só que nesse dia apenas um, de âmbito local, compareceu. Os outros “não tiveram conhecimento da sua realização”Por isso, “verificámos que o esclarecimento prometido não foi realizado, de forma a revestir a ampla e necessária divulgação pública”, de forma a suster “o boato” e limpar “a mancha” que se “derramou sobre os bombeiros”.