Combustíveis alternativos
GPL ainda sem grande adesão na Covilhã

Este combustível é menos poluente, prolonga a vida dos motores e o preço é metade do gasóleo, mas alguns mitos e o desconhecimento sobre o GPL faz com que o seu consumo ainda não tenha disparado no concelho.

NC / Urbi et Orbi

O GPL ainda convence poucos automobilistas do concelho serrano

Apesar de a gasolina ter encarecido quase 50 por cento desde Janeiro do ano passado, na Covilhã o consumo de GPL não teve um aumento de procura muito significativo, segundo o proprietário do único posto de abastecimento na cidade. Uma constatação que pode estar relacionada com a abertura de pontos de venda nas duas estações de serviço na A23 mais próximas, mas também com as ideias erradas que persistem sobre o uso deste combustível e com o investimento inicial que é necessário para adaptar o veículo.
O Gás Petróleo Liquefeito (GPL) custa metade do gasóleo, é menos poluente, exige menos manutenção e prolonga a vida dos motores, mas muita gente ainda pensa que é um combustível perigoso. “É o que toda a gente me diz quando sabem que tenho um carro a gás, pensam que isto pode explodir a qualquer momento, quando o risco é igual ou mesmo inferior ao dos outros combustíveis”, sublinha Carlos Rolas, que fez a adaptação do seu veículo há cinco anos e nunca se arrependeu. O que revela um desconhecimento em relação ao sistema anti-retorno utilizado, que no caso raro de um furo, bloqueia.
Outro aspecto é a ideia de que há poucas bombas GPL no País, e que se corre o risco de ficar a pé se um desses 200 postos não estiver por perto. No entanto, os veículos continuam a ter o depósito para a gasolina, e basta premir um botão para que o carro passe a ser movido a outro combustível.

Custo das viagens reduzido para metade

Arménio Correia, proprietário da NeveGás, começou a vender GPL na Covilhã há seis anos e entende que se trata de um combustível que ainda não está suficientemente divulgado. Entre os pontos negativos, diz que está o facto de o imposto sobre produtos petrolíferos ser mais elevado que para os outros combustíveis. Mas os grandes inconvenientes que salienta no uso do GPL são a proibição de estacionar em locais fechados, como é o caso de parques subterrâneos, a obrigatoriedade de usar o dístico azul colado na viatura, "que incomoda os consumidores", e o custo da instalação do equipamento. “Compensa, mas o investimento inicial afasta clientes”.
O preço varia em função da cilindrada e idade do carro e anda entre os 830 e os 1780 euros. Carlos Rolas decidiu aderir ao GPL quando veio estudar para a Covilhã, porque gastava muito dinheiro com as viagens. A adaptação do seu Peugeout 1.4 custou-lhe 1250 euros, no entanto, frisa que há muito que já teve o retorno do investimento, uma vez que as viagens para a Figueira da Foz passaram a ficar a metade do preço. Entretanto, já teve conhecimento de mais gente que se rendeu ao GPL ou está a pensar fazê-lo. “Há quem diga que o carro passa a andar um pouco menos e se perde potência, no meu caso, não notei nada disso, não sei se com um carro de cilindrada inferior fosse diferente”, comenta.

DGV propõe abolir proibição de estacionar em silos

Carlos Rolas lamenta é a proibição de estacionar em silos, o que por vezes se torna um inconveniente. No entanto, tanto essa proibição como a obrigatoriedade do actual dístico podem ser alteradas. A Direcção-Geral de Viação elaborou uma proposta, que está em análise no Ministério da Administração Interna, para a abolição da lei que proíbe o estacionamento e a alteração do dístico. Neste caso, defende-se que o autocolante passe a sublinhar o facto de se tratar de um combustível mais amigo do ambiente.
Uma curiosidade é a oscilação do preço em função da localização geográfica. O preço do litro de GPL é mais barato no litoral que no Interior devido ao transporte. “Paga-se no transporte oito escudos por quilo, no litoral é metade, por isso aqui é vendido mais caro”, explica Arménio Correia, que tem o litro do GPL a 0,55 euros, enquanto que Carlos Rolas o pagou esta semana na Figueira da Foz a 0,51 e observa que a diferença já foi maior.