Jornadas Media e Cidadania
Comunicação de proximidade

Novos meios de comunicação como a Internet e novas formas de comunicar, como a televisão de proximidade, foram dois dos assuntos abordados na UBI na passada sexta-feira. Os benefícios e os perigos de aproximar os meios de comunicação da sociedade civil foram também matérias discutidas.

Por Eduardo Alves

O papel dos meios de comunicação regionais foi debatido na UBI

O resultado prático de um encontro que reuniu vários especialistas da área da comunicação pode revelar-se na criação de um novo jornal na região Centro. Quem avança a notícia é João Carlos Correia, docente no Departamento de Artes e Letras da UBI e também organizador deste encontro.
Uma reunião onde se debateram as potencialidades e os perigos de aproximar os meios de comunicação da sociedade civil. Media e Cidadania foram as temáticas abordadas por estudiosos da comunicação como Pedro Coelho, jornalista da SIC e António Colaço, responsável pela comunicação do grupo parlamentar do PS.
Para todos os participantes nesta iniciativa, a importância dos meios de comunicação social de proximidade está cada vez mais visível. É nos media que tratam de assuntos quotidianos que as pessoas se revêem mais. Ou pelo menos, “recorrem com mais frequência”. Contudo, esta aproximação “nem sempre é saudável”. Em todas as teorias expostas um ponto foi transversal, “o de que os media locais tendem a ser influenciados por forças políticas, económicas e outras”. Formas de manipulação que levam “à falta de discussão e de expressão de todas as opiniões”. Para além disso, “existe uma forte componente política nas notícias”, o que, segundo os participantes neste evento “leva à desacreditação de muitos meios de comunicação”.
Um dos pontos mais discutidos nessa temática foi o das televisões regionais. A experiência portuguesa nesta matéria advêm “das antigas delegações da RTP”, adianta Pedro Coelho. O jornalista da SIC é também autor de uma tese de mestrado intitulada “A Função social da TV's de proximidade”. Para este investigador, aquilo que muitas vezes podia funcionar como modelo alternativo de comunicação, comparativamente às televisões nacionais “não vai por esse caminho”. Contrariamente ao que se pode pensar “as televisões regionais” tal como a grande parte dos órgãos de comunicação deste género “tendem a servir interesses políticos e económicos locais”.

O papel das Universidades

Um dos assuntos também referidos durante o encontro foi o da preparação dos recursos humanos desses meios de comunicação. João Carlos Correia refere que “as Universidades devem aqui cumprir um dos seus principais papéis”, que vai no sentido de “formar quadros técnicos qualificados para lidar com as adversidades dos mercados e dos meios”. No que respeita ao caso das televisões de proximidade “o nosso Pais ainda não está em condições de abraçar um projecto tão arrojado”, mas, segundo os participantes nas jornadas “esse é um passo que tem de ser dado num futuro a médio prazo”. Dai que se torne imperativo “que as Universidades comecem a formar quadros específicos para esta área”.
Um dos resultados mais práticos deste encontro pode ser a criação de um jornal on-line. João Carlos Correia refere que “este é um projecto no qual se está a trabalhar há já algum tempo”. O novo órgão de comunicação vai privilegiar as novas tecnologias. Daí “ser um jornal on-line”. Para os participantes nestas jornadas, “o papel da Internet como meio de comunicação de proximidade ainda só agora começa a ser explorado”. Esta forma de transmissão de informações “é uma das mais eficazes e também livre de todas as pressões exteriores”, sublinha o docente da UBI. Sem datas previstas para o início das actividades, este novo jornal “está já num estado bem avançado”, remata João Carlos Correia.