
José Geraldes
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Covilhã em aniversário
A Covilhã comemora
135 anos de elevação a cidade. É
um bom momento para lembrando o passado grandioso –
aqui o adjectivo não é retórico –
projectar a cidade para o futuro.
Por isso, torna-se oportuno dizer que, no século
XII, segundo Crespo de Carvalho, citando documentação
da Torre do Tombo, no prefácio de uma nova edição
do livro de Arthur de Moura Quintela, Subsídios
para a Monographia da Covilhan, o concelho da Covilhã
era muito vasto. Abrangia nada mais nada menos do que
os concelhos de Belmonte, Castelo Branco, Fundão,
e parte dos actuais concelhos da Guarda, Sabugal, Penamacor,
Oleiros, Proença-a-Nova, Pedrógão,
Pampilhosa da Serra e Seia.
Devido ser uma tão grande área ingovernável,
a desanexação começou em finais do
mesmo século com S. Vicente da Beira, Centocellas
(Belmonte), e já no séc. XIII, Alpreada
(Castelo Novo), Teixeiras, Sarzedas, Sobreira Formosa,
Lardosa e Castelo Branco.
José Aires da Silva, na sua História da
Covilhã, anota, por sua vez, que a “extensão
do alfoz da Covilhã como antigamente se chamava
ao concelho, ia do extremo Norte da Serra da Estrela até
às Portas de Ródão, englobando o
espaço hoje ocupado pelos distritos da Guarda e
Castelo Branco”.
A vastidão do concelho mostrava a importância
deste aglomerado populacional.
O foral da Covilhã dado por D. Sancho I em 1186
é o reconhecimento oficial das qualidades das suas
gentes e do valor da sua posição geo-estratégica.
D. Manuel I, em 1510, confirma o foral de D. Sancho I,
concedendo à Covilhã um segundo Foral, o
Foral Novo. O facto régio demonstra da parte da
Administração central da época a
atenção à Covilhã, sabendo-se
das implicações que a concessão de
um foral tinha em relação à vida
das populações.
Depois de D. Sebastião lhe ter dado o título
de “Vila Notável do Reino”, foi D.
Luís que a 20 de Outubro de 1870 lhe concedeu as
prerrogativas de cidade com todos os benefícios
daí decorrentes.
À elevação a cidade deve muito ter
contribuído o desenvolvimento da indústria
dos lanifícios. A Fábrica Real dos Panos
fundada no edifício que hoje é o Pólo
I da Universidade da Beira Interior, deu à Covilhã
projecção no estrangeiro, sendo chamada
“Manchester Portuguesa”. E Gil Vicente fala
dos “finos panos” tecidos na Serra da Estrela.
Hoje, a Covilhã continua a ocupar um lugar geo-estratégico
importante. Perdeu muitas das fábricas dos lanifícios.
Mas ganhou uma Universidade com uma Faculdade de Medicina.
E aponta para o futuro com inovação tecnológica.
A Covilhã mais conhecida por cidade de operários
é agora cidade do sector terciário com uma
classe média sólida.
Os desafios que agora se apresentam à Covilhã,
são diferentes dos do passado. Sem olhares para
o umbigo, importa enfrentá-los no diálogo
de forma que se atraia mais investimento. E que os que
cá vivem gostem mais da Covilhã e os de
fora tenham vontade de viver na Covilhã. |