António Fidalgo

Banda larga


Para muitos passou despercebida, mas a difusão da banda larga de Internet ao longo de 2005 terá sido um dos factores mais marcantes do ano. Sem custos adicionais vários fornecedores de ligações à Internet, como a Netvisão, companhia de cabo que serve a Beira Interior, quadruplicaram a velocidade de ligação. É claro que ainda não se tira partido das potencialidades que a rede oferece, mas tal é uma questão de tempo.

Quem tem Internet de banda larga em casa precisa pouco de ir ao banco. Qualquer banco, incluindo a Caixa Geral de Depósitos, permite consultar a conta, movimentá-la, fazer transferências, subscrever e resgatar fundos, comprar e vender acções. Cada vez mais se fazem compras pela Internet, evitando desse modo o congestionamento e os tempos de espera em lojas, onde frequentemente o atendimento é deficiente. Lêem-se e assinam-se jornais pela Internet, alguns de países distantes com acesso imediato, ouvem-se rádios de toda a parte do mundo, compra-se música em formato mp3, vêem-se nalguns casos programas de televisão, gravam-se vídeos, enviam-se fotografias e textos para todo o lado, a custo zero.

Entregam-se as declarações de IRS pela Internet, consultam-se as listas telefónicas, os horários de autocarros e de comboios, escolhem-se e reservam-se hotéis, marcam-se viagens de avião, recolhem-se informações sobre pessoas de que se ouviu apenas o nome, acede-se a enciclopédias e a dicionários grátis, obtém-se informações sobre cidades e lugares a visitar, imprimem-se mapas das cidades.

Mas o ano de 2005 fica marcado sobretudo pela telefonia sobre IP, isto é, por falar telefonicamente através da Internet. Mediante um programa como o Skype uma pessoa com banda larga pode falar a custo zero com outras pessoas que tenham instalado o mesmo programa. Estudantes na Califórnia recebem explicações de professores que estão na Índia e que conseguem oferecer os seus serviços muito mais baratos. Tendencialmente o preço das chamadas telefónicas caminha para zero, como há alguns meses (15 de Setembro) noticiava a revista The Economist. Que isso transforma o quotidiano das pessoas, é algo inevitável. Será motivo de crises, nomeadamente para o comércio tradicional, mas será também uma porta imensa de novas oportunidades.

Um 2005 chega ao fim. Em Portugal houve duas eleições, legislativas e autárquicas. Nas primeiras triunfaram retumbantemente os socialistas, que obtiveram pela primeira vez uma maioria absoluta na Assembleia da República, e nas segundas ganharam os liberais do PSD, ficando com o maior número de câmaras, em que se incluem as de Lisboa e do Porto.

A tecnologia invade e modifica a vida quotidiana.