Caso “Nova”
Trabalhadores voltam a protestar

Uma “acção de esclarecimento” promovida pelo Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB) à porta das instalações da empresa de Paulo de Oliveira, na Boidobra, serviu para manter o tema das indemnizações na ordem do dia.


Por Eduardo Alves

Mais uma vez, os trabalhadores pediram a resolução do diferendo judicial

A tarde estava soalheira e os participantes na acção chegavam a conta gotas. Em frente à empresa de Paulo de Oliveira, que adquiriu o trespasse da “Nova Penteação”, o Sindicato Têxtil preparava a iniciativa.
O aparato dos órgãos de Comunicação Social lá acabou por entusiasmar os participantes e a faixa que pede a Paulo de Oliveira para pagar os restantes 25 por cento das indemnizações acabou por ser aberta mais uma vez.
Luís Garra, presidente do sindicato começou por referir que a iniciativa não era uma manifestação, antes pelo contrário “é apenas uma acção de esclarecimento”. Uma iniciativa que começou com a distribuição de panfletos pelos trabalhadores que terminavam o turno às 15 horas e acabou com a troca acesa de palavras entre os antigos trabalhadores da “Nova” e Maria Hermínia Oliveira, administradora da empresa e esposa de Paulo de Oliveira.
Ao entrar nas instalações da Boidobra, a administradora do grupo pertencente a Paulo de Oliveira acabou por parar o carro e entrar em diálogo com algumas das antigas trabalhadoras da “Nova”. Uma conversação que acabou por azedar depois de algumas afirmações de Maria Hermínia. “Se fosse hoje tínhamos deixado ir aquilo à falência”, reiterou. A administradora mostrou-se indignada pelo protesto “em frente a uma empresa que já pagou mais do que devia”. Isto porque, o acordo previa o pagamento de apenas 50 por cento das indemnizações aos trabalhadores “quando já lhes foi pago 75 por cento”.
A esposa de Paulo de Oliveira acabou por dizer que “se querem pressionar alguém façam-no junto dos tribunais e de quem colocou a acção”. Uma referência ao empresário Rui Cardoso, também interessado na “Nova Penteação” e que interpôs um processo judicial que está agora a travar o final do trespasse.
Luís Garra acabou por recorrer a um megafone para pedir aos trabalhadores que não respondessem a provocações. Garra mostrou-se mais uma vez desiludido com toda a situação. A acção judicial interposta por Rui Cardoso “que pede este mundo e as cangalhas do outro” está a fazer com que toda a situação não tenha fim. Isto porque, Paulo de Oliveira apenas vai ter de pagar as indemnizações aos credores assim que a sentença transitar em julgado e o trespasse da “Nova” fique concluído. Os trabalhadores daquela que foi a maior empresa de lanifícios da região ainda têm a haver 25 por cento dos seus créditos e todos os outros credores, incluindo a banca, ainda não obtiveram quaisquer fundos. Garra convocou novamente os trabalhadores para um plenário a ter lugar no próximo dia 11 de Fevereiro nas instalações da Filarmónica Carvalhense.