Os trabalhadores reivindicaram os seus créditos
Padaria “Marroca”
Falência deixa 27 pessoas sem trabalho

A mais antiga padaria da Covilhã encerrou a sua laboração no início do ano. Os 27 trabalhadores estão agora desempregados e pedem as suas indemnizações.


Por Eduardo Alves


José Manuel Silveirinha leva já 47 anos a fazer pão. Desde os 13 de idade que entrou para “uma das mais importantes padarias da região”. Foi aprendendo o seu ofício e com o passar do tempo acabou por ficar pela empresa de João Fonseca Mimoso e Herdeiros, limitada.
Hoje, com 60 anos, vive alguns dos piores momentos da sua vida. Com o subsídio de Natal de 2005 veio também uma carta da administração que dispensava os serviços de todos os 27 trabalhadores da empresa. Com os ordenados em dia, as indemnizações seriam pagas no final do ano. As portas da padaria acabaram por fechar, mas o dinheiro dos trabalhadores ainda não foi pago.
Toda a situação provoca em José Silveirinha um sentimento de “desconfiança”. “É com grande tristeza que volto aqui a esta casa pedir aquilo que e meu e vejo que nos fecham a porta na cara”, descreve o antigo funcionário da conhecida padaria “Marroca”. Na passada semana, os 27 trabalhadores desta empresa de panificação juntaram-se perto das instalações que são paredes-meias com a casa dos proprietários com o intuito de requerem as suas indemnizações.
Maria Jesus Amorim, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Alimentares da Beira Interior (STRIA-BI), liderou este movimento. Segundo a sindicalista, “um porta-voz dos proprietários avançou com a proposta de pagar apenas 40 por cento do que é devido aos trabalhadores”. Os mesmos não aceitam esta situação e querem reaver o seu dinheiro na íntegra. Questionada sobre o valor toda das indemnizações em causa, a sindicalista diz que estas não devem ultrapassar mais de 150 mil euros. Uma fasquia “que os proprietários podem bem pagar”. Isto porque, “o património da empresa é vasto”, adiantam os trabalhadores. Para além das instalações da padaria, junto à Rua da Indústria, na Covilhã, possuem ainda 11 depósitos de pão, distribuídos por algumas freguesias do concelho.
Contudo, os proprietários, que se recusaram falar à comunicação social, apenas transmitiram à sindicalista e ao porta-voz dos trabalhadores que estão a tentar vender alguns imóveis para assim poder pagar as referidas indemnizações. O que só deve acontecer dentro de alguns meses.