A "doninha" ao vivo e em dose dupla


De Weasel

“Coliseus” já existia antes de chegar aos escaparates. Essencialmente nos últimos anos da carreira da banda de Pacman e Jay Jay. O suor e o arrombo deixados em qualquer palco deste País já tinham projectado mentalmente um disco ao vivo a cada actuação dada.
Ele, o disco, não existia fisicamente. Mas na memória de cada elemento da plateia ressoava refrões de temas emblemáticos, sugestões de primeiros acordes dos “malhões” dos Da Weasel. E ainda uma espécie de metacomunicação atingida entre banda e público. Metacomunicação essa sugerida através de cumplicidades mudas e de olhares surdos que tudo querem dizer entre intervenientes.
Os Da Weasel renovaram o seu público. Do nicho mais alternativo do início dos anos 90, à segunda metade da mesma década com aproximações pop , até à exposição maior com públicos oblíquos entre pais e filhos do ano 2000. O grupo constitui agora um catalisador de todas essas conquistas sem que exista muitos hereges.
O trabalho em dose dupla apresentado no declínio de 2005 condensa alguma coisa de toda essa história. Anuíndo o facto de o resultado sonoro não conseguir a excelência obrigatória, o disco-duplo vive a angústia de não poder trazer a imagem, essa forte componente da banda. Nem tanto por trabalhos cénicos. Apenas por aquela gana que os músicos apresentam ao chegar a palco. Aquilo, o palco, é deles.