Ex.ma Direcção do Urbi et Orbi:

DA TEORIA EM PRÁTICA À PRÁTICA DA TEORIA...

Não posso deixar de expressar a minha perplexidade pelo teor da opinião emitida pelo Distinto aluno Paulo Ferrinho na edição nº315 / 14-20 Fevereiro do jornal on-line Urbi et Orbi . A ser verdade que os  “Os homens julgam-se pela suas acções não pelas palavras que dizem” (para mim é indiferente se o provérbio é russo, nepalês ou aborígene), então porque é que Paulo Ferrinho utilizou um espaço público discursivo para justificar com "palavras" a sua "acção"? Afinal, a acção prescinde, ou não, das palavras? Nem sequer vou discutir a matéria substantiva que se eclipsa por detrás da sua opinante denúncia  (também não foi isso que lhe interessou, já que esgotou o espaço que lhe foi livremente concedido para verberar uma alegada censura à sua liberdade de expressão, sem ficarmos esclarecidos sobre o contudo substantivo da sua "cruzada", não é verdade?) –  quer dizer, como leitor igualmente livre de expressar o direito a ler informação, opinião e reflexão de qualidade, pretendo apenas opinar que Paulo Ferrinho não se apercebe da incoerência formal em que cai, ao servir-se de um espaço cuja acção consiste precisamente em possibilitar a expressão pela livre mediação da palavra, incluindo as reflexões teóricas acerca do desfasamento entre a teoria e a prática "dos outros".
Ao oferecer livremente o seu espaço mediático para que Paulo Ferrinho pudesse exprimir livremente a sua indignação, O Urbi et Orbi mostrou “de facto” na prática que, “de facto”, a teoria da prática de Paulo Ferrinho se dissipa no seu acto opinativo... Independentemente das razões que supostamente lhe assistem, Paulo Ferrinho pediu encarecidamente aos leitores para extraírem "as ilações que julgarem por convenientes" (sic.) – eu tirei!!!, a saber «os actos ficam com quem os pratica, e as palavras que neles encarnam também...» (provérbio para ser vivido, não dito, como incoerentemente acabei de fazer...).

Com  consideração,

AC Amaral, docente de Filosofia da UBI