A associação "6 de Setembro" não quer pensar o final do Intercidades

Linha da Beira Baixa
Fim do Intercidades é “inaceitável”

A CP pode vir a acabar com o comboio Intercidades na Linha da Beira Baixa, optando por oferecer aos passageiros uma automotora para fazerem o trajecto entre a região e Lisboa. Uma hipótese que o “6 de Setembro” considera inaceitável.


NC / Urbi et Orbi


“Se a Covilhã e Fundão já estão mal, pior ficarão”. É esta a opinião de Hélder Bonifácio, responsável do “6 de Setembro” – Grupo de Amigos da Linha da Beira Baixa, sobre a possível fim de comboios Intercidades nesta via ferroviária que serve a região.
Segundo algumas notícias de órgãos de comunicação nacionais, a CP (Caminhos de ferro Portugueses) estará a estudar o fim de comboios Intercidades em algumas linhas, entre as quais a da Beira Baixa, substituindo-as por automotoras eléctricas. Uma medida que surge depois de, na apresentação de resultados da empresas, estes terem mostrado um abrandamento dos prejuízos. Um feito que os responsáveis querem repetir já no próximo ano e que os levará a fazer alguns cortes em alguns serviços.
Hélder Bonifácio diz que, para além das notícias que já leu sobre o assunto, já teve conhecimento desta intenção “por portas travessas”, mas diz que a CP estará seriamente empenhada em levar esta medida avante por factores economicistas. “Parece que não há outra hipótese” lamenta, considerando, porém, que esta é uma medida “muito má”.
O objectivo da CP será o de reduzir os seus custos operacionais no Longo Curso, nomeadamente na portagem paga pela empresa à REFER, a concessionária das linhas. Na Linha da Beira Alta esta medida também deverá ser implementada, com os comboios a chegarem apenas até Coimbra e havendo necessidade de mudança de veículo para se chegar à Guarda.
Na Beira Baixa, explica Hélder Bonifácio, o que está em mente não é uma extinção do Intercidades, mas sim uma “transformação”. Ou seja, deixará de haver uma máquina a puxar um conjunto de carruagens, mas apenas uma máquina, automotora, que também servirá de carruagem. “É uma medida que não podemos aceitar, pois a automotora não tem a qualidade do comboio. É muito mais barulhenta, pois tem o motor debaixo da carruagem” explica Hélder Bonifácio. E acrescenta que a medida não deverá ser posta em prática muito rapidamente, até porque estas automotoras “ainda não existem. São as que neste momento realizam o trajecto e que por isso terão que ser adaptadas”. A primeira consequência, após o fim do actual serviço, é que só se fará o troço entre Lisboa e Castelo Branco, e vice-versa, pois as automotoras são eléctricas. O que as impede de “chegar à Covilhã”, uma vez que a Linha ainda não está electrificada. Daí que Hélder Bonifácio não tenha dúvidas de que as duas cidades da Cova da Beira ficarão ainda mais pobres neste serviço.

Uma ideia que não é nova

A possibilidade da Linha da Beira Baixa ficar sem Intercidades já não é nova. Em Junho de 2003, Crisóstomo Teixeira, então presidente da CP, já dizia, numa visita a Barca D'Alva que a empresa não pretendia manter o serviço do Intercidades “ com material eléctrico entre Lisboa e Castelo Branco, mudando depois a locomotiva para prosseguir até à Covilhã”. O responsável da CP adiantava mesmo que o serviço passaria a ser feito com “automotoras triplas que estão a ser modernizadas com ar condicionado e assentos individuais”, executando-se o serviço entre Guarda e Castelo Branco com automotoras Allan modernizadas, o que acontece na actualidade.
Recorde-se que esta falta de investimento e esvaziamento de serviços na Linha da Beira Baixa já foram alvo da contestação de alguns autarcas, como Carlos Pinto, na Covilhã, e Manuel Frexes, no Fundão, que muitas vezes contestaram o facto da electrificação da Linha só chegar à capital de distrito.