Mariano Gago na Covilhã
“Processo de Bolonha é político”

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deslocou-se à Covilhã para participar no I Encontro da Organização Nacional de Estudantes Socialistas do Ensino Superior (ONESES) e falou sobre as mudanças que Bolonha vai provocar nas Universidades.


Por Eduardo Alves

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior participou no debate ao lado de Manuel Santos Silva, reitor da UBI

A primeira reunião da ONESES decorreu no passado fim-de-semana, na Covilhã. Num encontro socialista que teve como principal meta aprofundar o debate e o esclarecimento sobre as reformas e alterações previstas com a aplicação do Processo de Bolonha, Mariano Gago, ministro da tutela participou num painel intitulado “O Ensino Superior português no contexto europeu – que perspectivas com Bolonha”. O responsável pela pasta do Ensino Superior, que falava para membros da Juventude Socialista (JS) numa mesa onde tiveram lugar Manuel Santos Silva, reitor da UBI e Pedro Nuno Santos , secretário-geral da JS, manifestou algum desagrado perante a leitura de vários participantes, no que respeita a Bolonha. Numa conversa aberta, o ministro começou por referir que “o Processo de Bolonha é uma luta do ponto de vista político”. Isto porque, segundo o responsável pela pasta do Ensino Superior “existiram muitos responsáveis por universidades, e muitas outras entidades políticas e não só, que tentaram demover o governo de avançar com este projecto já no próximo ano”.
No encontro onde estiveram representantes de diversas associações académicas e de organismos da JS, Mariano Gago foi alertado para o facto de nem todas as universidades reunirem as condições necessárias para arrancar com o Bolonha, observações que deixaram o ministro algo irritado. O mesmo diz ter uma visão “bastante diferente”. Para justificar essa diferença, Mariano Gago afirmou que “as universidades apresentaram as adaptações para Bolonha em metade dos cursos superiores que actualmente são ministrados em Portugal”. O ministro diz que tal só poderia ter sido feito “com as universidades preparadas para essa mudança”.
Este responsável teve ainda tempo para lançar duras críticas para dentro das universidades. Do ponto de vista do ministro da tutela, um dos males do Ensino Superior está no facto de “dentro das universidades existirem grupos que se opõem à implementação de novas regras, porque não querem fazer nenhum”, mas também existem, segundo o ministro, “grupos de pessoas que querem trabalhar e melhorar todas as condições”. Mariano Gago olha para Bolonha também “como um processo que serve para reabrir o debate no interior das instituições”.

Educar a população adulta

No encontro onde os jovens socialistas pretenderam medir o pulso ao superior, o ministro da tutela sublinhou “o momento decisivo” que Portugal atravessa nesta matéria. Isto porque “é essencial dar formação à população adulta ao longo da vida”. Apenas com este propósito se conseguem melhores desempenhos laborais e melhores salários”. A necessidade de abrir as portas das universidades à população adulta tem de ser encarada como prioritária, caso contrário, “se apenas respondermos à população jovem, os indicadores dos índices de quantidade de pessoas activas que existem na população portuguesa com qualificações superiores vão continuar baixíssimos durante as próximas décadas”. Um cenário que Mariano Gago quer mudar com Bolonha.
Outra das novidades avançadas pelo ministro da tutela, na Covilhã, foi a da criação de entidades internacionais para avaliar os cursos ministrados nas universidades portuguesas. Uma ideia anunciada há algum tempo, mas que tem gerado grande polémica no seio das universidades, uma vez que já existem comissões e relatórios de avaliação das diferentes instituições e dos diversos cursos, elaborados por comissões portuguesas. Para o ministro, essa justificação não é suficiente e as comissões de avaliação internacionais vão mesmo avançar. Por outro lado, Mariano Gago afirmou ainda que durante a actual legislatura não vai ser criada nenhuma escola superior.
Hélio Fazendeiro, responsável pela Comissão Política Distrital da Juventude Socialista e organizador do evento faz um balanço “muito positivo” do mesmo. Fazendeiro refere que neste encontro onde estiveram presentes cerca de uma centena de jovens universitários “deu para perceber o longo caminho que se tem de percorrer para integrar Bolonha”. Os jovens socialistas referem que este tipo de iniciativas é para continuar.