Com o apoio da UBI
Parque de tecnologias médicas na Covilhã

O Parkurbis está a preparar a criação de uma estrutura de investigação e desenvolvimento de tecnologias virada exclusivamente para a Medicina. Um anúncio feito na UBI pelo presidente da autarquia covilhanense no âmbito da visita de dois responsáveis por alguns dos mais importantes parques tecnológicos da Finlândia.


Por Eduardo Alves

Os dois finlandeses estiveram na UBI para explicar o funcionamento dos seus parques tecnológicos

A UBI recebeu ontem dois finlandeses responsáveis por alguns dos parques de tecnologia e ciência mais importantes da Europa. Juhani Saukkonem, director do Softwareforum Oulu Technopolis e Teppo Kettuck da Technopolis Vantaa Office Helsínquia estiveram na Covilhã para conhecer a universidade e o Parkurbis. Ambos são responsáveis por estruturas agregadas aos parques tecnológicos da cidade de Oulu, na Finlândia. Uma região a Norte do Mar Báltico que junta à volta algumas das maiores empresas tecnológicas da actualidade.
Foi neste espírito de novas fronteiras tecnológicas que Carlos Pinto, presidente do Conselho de Administração do Parkurbis revelou que este parque pondera a criação de uma estrutura destinada apenas à investigação na área da Medicina. Aproveitando o complexo que inclui a Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e o Centro Hospitalar da Cova da Beira, este novo parque de ciência pode surgir dentro de algum tempo, na Covilhã. O também presidente da autarquia local aponta ainda a universidade como principal parceira, também desta nova aposta.
No entender de Pinto, os novos médicos que estão agora a licenciar-se na UBI vão conceber projectos de investigação na área e daí que seja necessário criar estruturas para responder a novas ideias. Santos Silva, reitor da UBI mostrou-se também agradado com a ideia. O responsável máximo pela instituição de ensino superior recorda que esta universidade “apresenta uma das mais elevadas taxas de computador por aluno”. Para além deste indicador, “a UBI tem vindo a responder às diversas necessidades surgidas nas investigações a decorrer na Covilhã”. Na apresentação da universidade aos dois representantes finlandeses, Santos Silva lembrou também a ligação da UBI à Microsoft, através dos cursos de formação e outras actividades “e o estreitar de relações com o meio onde a instituição se insere”.




O exemplo finlandês

Teppo Kettuck começou a sua intervenção com um exemplo dessas empresas. Este responsável pelo Technopolis Vantaa refere que o projecto inicial da empresa de telemóveis Nokia apontava para uma total de 50 funcionários. Hoje, “com apenas alguns anos a produzir aparelhos electrónicos gera milhares de postos de trabalho”, sublinha o finlandês. O projecto da Nokia foi concebido na Universidade de Oulu, a segunda maior da Finlândia. Instituição que também tem dado outros contributos para que toda a região seja conhecida pelas suas “empresas–gazela”, de rápido crescimento económico.
Há cerca de 20 anos, a Finlândia estava a meio da escala dos países tecnologicamente desenvolvidos, “junto do Chipre e Estónia, hoje lidera o ranking”, explica Juhani Saukkonem. O director da Softwareforum dá este exemplo para caracterizar Portugal, “e também a Covilhã”. A actual fase que o País atravessa, “com uma crise económica”, contribui para o aparecimento “de negócios aliciantes e de maior desenvolvimento”. Este responsável diz mesmo que “a aposta nos parques de ciência e tecnologia, nas universidades e na formação deve ser continuada”, mas ainda assim, “isso não é suficiente”. Segundo Saukkonem, “esta é uma região cheia de potencialidades mas estas não surgem de um momento para o outro, é preciso muito trabalho”.
Teppo Kettuck segue as palavras do seu conterrâneo e explica que a chave do sucesso de um parque tecnológico não passa apenas “por reunir um conjunto de empresas num mesmo local”. Para que estes projectos se tornem viáveis “é também necessário interagir com as empresas que estão na região”. Outro dos pontos que os dois finlandeses destacaram vai no sentido de “saber onde está o investimento”. Juhani Saukkonem explica que “os investidores de mercado têm de ser atraídos para as nossas regiões”.




Desenhar um plano estratégico

Vários exemplos de empresas de sucesso foram apresentados na UBI

Carlos Pinto justifica a visita destes dois finlandeses com a possibilidade de ajuda no projecto do Parkurbis. O autarca explicou, perante uma plateia composta por docentes e alunos da UBI, que espera destes dois responsáveis por parques tecnológicos finlandeses, a ajuda necessária para desenhar “as melhores estratégias para o parque”, de forma a “não cair em erros do passado”.
Com o anfiteatro 8.1. do Edifício das Engenharias a receber a comitiva, Pinto afirmou que “a base de trabalho do Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã está na UBI”. A importância da ligação do Parkurbis à universidade “é cada vez maior”. Os projectos que surgem no seio da instituição de ensino superior têm servido de base de trabalho para o Parkurbis.
Os dois finlandeses acabaram também por falar nesta ligação entre universidades e empresas de base tecnológica. Uma ligação que segundo os mesmos “deve ser reforçada”. A título de exemplo Teppo Kettuck explica que “há 20 anos, quando apareceu o Technopolis Vantaa, a região era idêntica à Covilhã”. Hoje, depois de várias apostas nas novas tecnologias, o Technopolis Group é um dos maiores parques tecnológicos da Europa e conta no seu espaço com cerca de 700 empresas, responsáveis por 9 mil postos de trabalho, onde se destacam alguns nomes como a Nokia, F-Secure e Mentor Graphics, numa área de implantação de 256 mil metros quadrados. A região de Oulu, uma das mais desenvolvidas na Finlândia agrega cerca de 800 empresas de base tecnológica, que geram 17 mil e 500 postos de trabalho e um volume de transacções na ordem dos 4 biliões de euros.




O papel da Comunicação Social

Os dois nórdicos referiram que o Estado tem de demonstrar um papel importante no investimento e no incentivo à criação de novas empresas. Mas estas não podem abrir portas e esperar que as oportunidades aparecem. Num mundo cada vez mais globalizado “as oportunidades de negócio aparecem tão rapidamente, como desaparecem”, alerta Saukkonem.
O director da Softwareforum apontou também um outro factor “que quase nunca é tido em conta”. Este responsável sublinha “o importante papel que os meios de comunicação desempenham”. No caso finlandês, “foi notório” o apoio dado pela Imprensa aos novos projectos. Uma ajuda que se veio a revelar “fundamental”, no entender de Saukkonem. Desta forma, o director da Softwareforum lembrou que as notícias de encerramentos e fecho de empresas “têm de deixar de ocupar os lugares de destaque nos media”. O finlandês defende uma atenção mais centrada nos casos das novas empresas que desenvolvem projectos ganhadores.