O Académico dos Penedos Altos promoveu mais um evento desta natureza
IX Tertúlia Academista
“Há um divórcio entre as colectividades”

A nona edição da Tertúlia Academista foi a menos participada dos últimos anos. Carlos Silva diz que há um “divórcio entre as colectividades” mas mostra-se confiante numa “reviravolta”. Paulo Rosa afirma que, ainda assim, “o associativismo continua bem vivo no concelho”.


NC/Urbi et Orbi


O Académico dos Penedos Altos (APA) foi, pelo nono ano consecutivo, palco de mais uma edição da Tertúlia Academista. Uma reunião que congrega várias associações do distrito – sobretudo do concelho da Covilhã – para debater a actualidade do associativismo na região. A iniciativa costuma juntar todos os anos cerca de meia centena de colectividades mas esta edição ficou marcada por várias ausências, e o número de agremiações representadas não ultrapassou as duas dezenas.
O facto não passou despercebido ao presidente do clube anfitrião, Carlos Silva, que, no final, falou em “divórcio entre as colectividades”. O dirigente recusa falar em crise, mas reconhece que o associativismo já conheceu melhores dias e “ainda há poucos anos havia uma maior união entre as associações”. Ainda assim, o líder do Académico afirma-se confiante que as coisas vão mudar num futuro próximo. Os tempos que vivemos, diz, “são difíceis do ponto de vista económico e as crises tendem a unir as pessoas”.
Subordinada ao tema “Associativismo – Pontes para o Futuro”, a discussão, este ano, centrou-se sobretudo à volta das infra-estruturas desportivas no concelho e ao papel dos jovens no associativismo. Dois temas que dividiram opiniões quer na “mesa de honra”, quer na “plateia” de associações.
Vítor Campos foi convidado a integrar a mesa de moderadores, dirigida, como é habitual, por Jorge Torrão, do INATEL, e pelo jornalista desportivo Pedro Martins (ambos homenageados pelas suas 9 presenças no evento). O ex-dirigente do Oriental de S. Martinho deu o mote para a primeira discussão afirmando que “os dirigentes associativos estão a envelhecer” e que “há clubes que se debatem com crises de sucessão nas direcções”. Um problema sentido por muitos dos dirigentes presentes, mas minimizados por outros. “É uma falsa questão”, defendem Jorge Torrão e Carlos Silva. O presidente do Académico, afirma que hoje, “os jovens vão mais às associações, só que não ficam lá tanto tempo como os mais velhos”. A explicação, defende, é simples: “Hoje os jovens têm à sua disposição várias ofertas e alternativas às associações, como o são os cinemas e os shoppings, e o clube já não é um sítio onde queiram passar a maior parte dos seus tempos livres”. Ainda assim, acrescenta, “é possível trazê-los às sedes, disponibilizando equipamentos e actividades que os atraiam”.
A IX edição da Tertúlia contou ainda com as presenças dos delegados distritais do INATEL e do Instituto Português da Juventude, Bernardino Gata e Miguel Nascimento, respectivamente, que para além do papel activo no debate, deixaram ainda várias informações aos dirigentes presentes sobre programas a que podem candidatar as suas associações no âmbito das instituições que representam.
Paulo Rosa, hoje ligado ao departamento de Desporto da Câmara Municipal, também marcou presença no encontro. O ex-dirigente associativo (GD Mata) é da opinião que, apesar do decréscimo de participações na Tertúlia em relação a edições anteriores, “o associativismo está bem vivo”. Rosa elucidou ainda os presentes sobre a “nova política” da autarquia na atribuição de subsídios. A partir de agora, informa, “a Câmara não vai financiar planos de actividades, uma vez que, em muitos casos, não passavam de planos de intenções, e muitas actividades ficavam por realizar”. Por isso, a autarquia adoptou a medida de só financiar actividades que estejam a ser organizadas, “de forma a financiar apenas quem trabalha”. Uma medida que, defende, “permite aferir da boa aplicação das verbas do município e uma melhor distribuição dos recursos”.