Um passo em frente na Imunologia Clínica

Cinco genes foram estudados por Raquel Mareco. A tese de mestrado sobre polimorfismo genético dos genes IL-4, IL-13, IL-4R, IL-18 e IL-21 em voluntários atópicos e voluntários não atópicos revela um estudo inédito em Portugal

“A novidade é total. Não há nenhum estudo em Portugal que faça a análise dos polimorfismos das citocinas, independemente de ser este o grupo [de genes em causa], associado à atopia”. Nas palavras de Raquel Mareco, a tese espelha o resultado da análise feita junto de 80 doentes: 45 voluntários atópicos e 35 não atópicos.
“Estudo de Polimorfismo genético dos genes IL-4, IL-13, IL-4R, IL-18 e IL-21 em voluntários atópicos e voluntários não atópicos” foi a tese de mestrado defendida por Raquel Mareco. A prova na área de Imunologia Clínica decorreu dia 3, sexta-feira, na Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade da Beira Interior (UBI).
Destaca o estudo do gene IL-18. A particularidade está no facto desta citocina ser ambígua na sua forma de actuação. E adianta que “o facto de ela ser ambígua e de nós termos estado a estudá-la no desenvolvimento da resposta do Th 2 tem, por si só, o seu mérito”. Raquel Mareco diz que esta citocina “raramente foi estudada e na população portuguesa não está de todo estudada”. Aponta também o estudo que fez com o gene IL-21, “por ser exactamente o antagonista, ou seja, inibe exactamente o que nós pretendemos estudar”.
Na prática, diz que há que continuar a fazer estudos funcionais para ver de que forma é que estes polimorfismos se associam com a produção da própria molécula e de que forma é que a molécula actua na realidade na circulação periférica. Algumas das questões colocadas são se actua ou não? Em que quantidades é que é produzida? Se há uma disfunção do gene ou não?
No que toca a dificuldades encontradas na elaboração da tese, diz que ”a parte prática não é muito complicada. Basta um laboratório de biologia molecular equipado. Mas a selecção dos doentes, essa sim, é a parte complicada”.
O passo seguinte é continuar o estudo e, se possível, avançar para doutoramento. “È uma hipótese”, nota.
A tese foi aprovada com a classificação de muito bom e teve como arguente Filipe Inácio, docente na Universidade de Évora. Do júri fizeram também parte Hélder Trindade, docente da Universidade Nova de Lisboa, e Luís Taborda Barata, da UBI.