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Luís Garra mostra-se descontente com a actual legislação

“Como provo que ando à procura de emprego?”

A nova legislação para a atribuição do subsídio de desemprego trouxe também dúvidas, que a União dos Sindicatos está a tentar esclarecer. Uma lei que “responsabiliza apenas os desempregados pela procura de trabalho” critica Luís Garra.

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“Agora querem que se prove que se anda à procura de emprego. Mas como é que isso se faz? Do que conheço dos patrões, não me parece que vão estar disponíveis para passar uma declaração a dizer que fomos lá pedir emprego. E com tanto desempregado que há, tinham de ter alguém só para isso. Por outro lado, às vezes as empresas nem respondem às cartas que se mandam a pedir trabalho”, sublinha Adelino Geraldes, de 58 anos.
É esta e outras dúvidas, no âmbito da alteração das regras para a atribuição do subsídio de desemprego, que o antigo operário do Tortosendo quer esclarecer. Por isso foi um dos presentes na sessão de esclarecimento promovida pela União dos Sindicatos de Castelo Branco, na sede do Sindicato Têxtil, na Covilhã.
Actualmente aposentado, passou recentemente pela situação de desemprego. E como tem familiares nessa situação, quis informar-se das alterações.
Enquanto esperam o início da reunião, que se vai repetir noutros locais nas próximas duas semanas, os operários no desemprego aproveitam para partilhar preocupações e dúvidas.
“Vi na televisão que também querem que de quinze em quinze dias no apresentemos na junta de freguesia, só para dizer que fomos lá e para mais nada. Ainda se fosse para nos oferecerem trabalho, que é isso que procuramos”, comenta Maria Celeste Carrola, de 52 anos, que não percebe a utilidade da medida.
Outra forma de se provar que se está activamente à procura de emprego é respondendo a ofertas disponíveis na Internet e através do registo do currículo em páginas online. “Trabalhei desde os 14 anos nos lanifícios. Nunca tive possibilidades para ter um computador nem vida para aprender”, frisa Maria Celeste. “Esse é o País irreal do José Sócrates, que só ele conhece. Então como é que temos acesso a essas coisas? A grande maioria dos desempregados não tem. Algumas pessoas, só se for através dos filhos”, acentua, indignado, Adelino Geraldes.
Para Luís Garra, coordenador da União dos Sindicatos, esse é um dos motivos que o leva a considerar que o aspecto mais negativo da nova lei é a “perversidade de transportar para o desempregado a responsabilidade exclusiva de não arranjar emprego, como se não fossem vítimas da descapitalização, de má gestão, da situação do mercado de trabalho”.
“Há responsabilidades a ser transferidas que não se compaginam com o nível escolar. O Governo tem de criar as condições para apoio. Não é obrigar as pessoas a levar os documentos, é ajudá-los no Centro de Emprego com os meios disponíveis”, preconiza o sindicalista. Apesar disso, o Sindicato Têxtil abre em breve um espaço onde os sócios podem utilizar livremente computadores, com acesso à Internet.
Luís Garra entende que a nova legislação, em vigor desde 1 de Janeiro, tem aspectos negativos, mas também melhorias. Uma delas, considera, é a fixação da atribuição do subsídio em função da idade e também dos anos de descontos. Em vez de ter apenas em conta a idade. Porque entende que é justo que o valor na protecção ao desemprego seja proporcional aos descontos.


Luís Garra mostra-se descontente com a actual legislação
Luís Garra mostra-se descontente com a actual legislação


Data de publicação: 2007-02-06 00:00:00
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