Voltar à Página da edicao n. 399 de 2007-09-25
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Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 

Ensino obrigatório

> João Canavilhas

De acordo com notícias recentes, o Governo pretende alargar o ensino obrigatório até ao 12º ano. A medida parece acertada, mas o sucesso vai depender de dois factores: um directamente relacionado com o sistema de ensino e outro localizado a jusante deste sistema.
No que concerne ao ensino, o sucesso dependerá da criação de condições reais para que todos os jovens - independentemente da sua condição social - possam permanecer no sistema. Para isso é necessário, por exemplo, aumentar o valor dos subsídios de apoio a famílias carenciadas. Actualmente, o valor do escalão mais alto é inferior ao custo dos manuais escolares em qualquer ano do ensino obrigatório. E mesmo que o não fosse, faltariam ainda os cadernos, a mochila, o material necessário para EVT e para Educação Física. Mas os problemas não acabam aqui: muitos estudantes, especialmente no Interior do país, contribuem para a economia familiar com o seu trabalho. A ida à escola significa um acréscimo de trabalho para os pais, o que nem sempre é bem recebido, como ficou patente na reportagem Rosa Brava, exibida na SIC. Para além da necessária sensibilização dos pais para a importância da Educação, o Estado deve encontrar formas de compensar estas famílias.
Por fim, a frequência da escola pode ainda implicar longas deslocações, obrigando os estudantes a sair de casa de madrugada e a regressar apenas ao cair da noite. É um esforço grande que só pode ser compensado se o mercado de trabalho valorizar esta formação. E é aqui que entra o factor a jusante do sistema de ensino. Mais do que gastar rios de dinheiro em campanhas de sensibilização para a importância da Educação, o Governo tem de legislar no sentido do 12º ano passar a ser a habilitação mínima para ingresso no mercado de trabalho e para tirar a carta de condução.
Com uma vasta oferta de cursos profissionais e um bom sistema de apoio social às famílias, os jovens dificilmente abandonariam a escola antes de terminarem o Ensino Secundário, uma factor importante num país que precisa de caminhar mais rápido do que os seus parceiros para entrar no pelotão da frente.

 


Data de publicação: 2007-09-25 00:00:01
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