Voltar à Página da edicao n. 413 de 2007-12-25
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 

«Unknown Pleasures», «Closer» e «Still»

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Três discos, três anos. Em plena explosão punk no Reino Unido, poder-se-á pensar que a existência dos Joy Division foi demasiado curta. Todavia, o percurso do colectivo de Ian Curtis foi marcante e intenso q.b. para que, quase 30 anos depois, volte a ser (comercialmente) lembrado. Numa altura em que o biopic “Control” chegou às salas de cinema nacionais (caso sério da edição deste ano do Festival de Cannes), foram reeditados os três álbuns dos Joy Division, todos eles em formato alargado, com um CD adicional e booklets com textos e fotografias. Sérios motivos para que esta “prenda” de Natal, chegada de uma Manchester escura, mereça uma ida inquestionável à discoteca mais próxima.
As três reedições, que representam a discografia essencial dos Joy Division agora em versão remasterizada, permitem uma viagem pela história aparentemente simples da trupe de Ian Curtis. O primeiro disco da banda, “Unknow Pleasures” (1979), foi rapidamente reconhecido como um clássico do seu tempo, um dos melhores discos da história e catapultou com facilidade os Joy Division para uma carreira que, numa fase inicial, gravitou apenas em torno de Manchester. Deste primeiro registo, destaque para o precioso hino “She’s Lost Control”, a rasgar num alinhamento de momentos sublimes como “New Dawn Fades”. “Closer”, editado em 1980, chegou às lojas pouco tempo depois do desaparecimento de Ian Curtis e vem sublinhar o registo fúnebre já sugerido no disco antecessor, embora deixe perceber uns Joy Division esteticamente mais aprumados. Depois, há ainda “Still”, de 1981. Uma antologia de raridades e canções ao vivo, que acrescentou ao palmarés da banda singles como como “Love Will Tear Us Apart” ou “Transmission”. Como extra, apresenta o concerto da banda no High Wycombe Town Hall, três meses antes de Curtis se suicidar.
Três discos que têm muito mais em comum do que apenas o som urbano-depressivo (como foi tantas vezes catalogado), transversal à obra dos Joy Division. Como que ao ouvido, contam-se histórias sombrias, onde se misturam ingredientes como perda, solidão, frustração ou implosão. Características soberbas que permitiram à banda distanciar-se o suficiente do movimento um tanto ou quanto anárquico que a explosão punk trouxe à cena musical do Reino Unido. Um emaranhado doce e negro de canções pós-punk e rock, profundamente apoiadas na voz soturna de Ian Curtis, o líder rock 'n roll antes de Jim Morrison e Kurt Cubain. Destaque, por outro lado, para a banda sonora do filme “Control”. Acabada de chegar a Portugal, integra canções dos New Order (criados pelos restantes membros dos Joy Division), Buzzcocks, Sex Pistols, Iggy Pop, Roxy Music, David Bowie, The Killers e Kraftwerk. Uma melancolia adorável em tempo de Natal. De perder o controle.






Data de publicação: 2007-12-25 00:00:00
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