Voltar à Página da edicao n. 416 de 2008-01-15
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Feriado do António e fundos comunitários

> José Geraldes

1. Na mensagem habitual de Ano Novo, o Presidente da República, Cavaco Silva, referiu-se aos fundos comunitários que vão vigorar de 2008 a 2013. Disse em concreto: “Exige-se que estes fundos sejam aplicados com verdadeiro sentido estratégico e geridos com eficiência e transparência. É uma oportunidade que não podemos desperdiçar”.
A advertência de Cavaco Silva não é inócua. Portugal recebeu milhões e milhões durante anos que não foram utilizados nos objectivos devidos. E o País só perdeu com isso. E até se atrasou no relançamento da economia.
Se os fundos fossem aplicados correctamente, Portugal hoje estaria diferente sobretudo na dinâmica empresarial. Disso, não haja dúvidas. E teria sido uma oportunidade de ouro para lançar o País para a frente.
Mas gente sem escrúpulos e, mercê de sofisticados esquemas de corrupção, desviou as verbas milionárias para proveito pessoal.
Houve quem construísse grandes riquezas com dinheiros vindos de Bruxelas. E assim iniciativas de crescimento foram por água abaixo. Subsídios eram pedidos para determinados fins e, depois, eram colocados em contas bancárias pessoais e utilizados na compra de automóveis topo de gama e de vivendas luxuosas.
Apresentavam-se projectos à primeira vista sedutores que depois se alteravam. E a fiscalização não funcionava. Ou era objecto de corrupção.
Por isso, a exigência do Presidente da República tem toda a razão de ser. O “sentido estratégico” obriga à aplicação das verbas em acções úteis para a comunidade e para o progresso de Portugal.
A gestão não pode ser deixada ao acaso, pois são os últimos fundos de que vamos beneficiar. E, claro, a transparência tem de ser pedra branca na sua aplicação. Temos o direito de saber onde e como são utilizadas as verbas.
Como também temos o direito de saber como o Governo vai distribuir estas verbas.
Até agora reina um silêncio profundo sob um manto de secretismo que ninguém entende.
2. A sanha laicista no sentido mais negativo soma e segue em Portugal. Agora nem os santos escapam numa atitude contra o sentir do nosso povo e no desrespeito de todas as tradições.
Um decreto de 22 de Agosto citado pelo Correio da Manhã diz que as escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A notícia provocou já textos de reprovação veemente mesmo da parte de agnósticos como António Barreto no Público. Nas páginas deste diário, José Miguel Júdice, ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, escreve que a notícia não pode ser verdadeira, tal é o disparate que representa.
Efectivamente tal propósito revela um laicismo sectário e absurdo que só se explica pelo ódio jacobino feroz de um arcaísmo a cheirar a bolor contra todas as tendências da modernidade.
É caso para dizer às iluminárias do Ministério da Educação que o povo português não os elegeu para matarem a alma religiosa que está na suas raízes. A este propósito, leiam o discurso de Sarkorzy proferido a 20 de Dezembro no Palácio de Latrão em Roma.
Diz o Presidente da França onde este problema foi ultrapassado, há muito: “Uma nação que ignora a herança ética e espiritual da sua história, comete um crime contra a cultura. Arrancar essa raiz é perder o significado, é enfraquecer o cimento da unidade nacional e empobrecer ainda mais as relações sociais, que tanta necessidade têm dos símbolos da memória”. E ainda: “As religiões não são um perigo mas um trunfo”.
As mentes iluminadas do Ministério fazem lembrar a ideia napoleónica de alterar o calendário que deu no que se sabe.
Ou o dia de Santo António de Lisboa passa a chamar-se o feriado do António ? ! Que parvoíce !


Data de publicação: 2008-01-15 00:00:00
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