Voltar à Página da edicao n. 425 de 2008-03-18
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A peça dos estudantes espanhóis fala do mundo depois da catástrofe de Chernobil

Viver depois de Chernobil

Numa altura de debate em torno das políticas energéticas, a peça trazida à Covilhã por estudantes madrilenos pretendeu sensibilizar o público para as questões em volta desta problemática. O ambiente, o papel dos media, o amor e o sonho.

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Foi no dia 6 de Março, pelas 22 horas, que mais uma vez se reuniu público, no Teatro Cine da Covilhã, para assistir a uma das peças do Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior. Desta feita, os actores vieram de Madrid, Espanha, representando a Aula de Teatro de la Universidad Autónoma de Madrid. A peça que trouxeram tinha por nome “El País de Nomeacuerdo, Vivir después de Chernobil”, uma adaptação feita a partir do testemunho de “Vozes de Chernobil, Crónica do futuro” de Svetlana Alexievich.
A história é bem conhecida. No dia 26 de Abril de 1986 teve lugar o acidente nuclear mais grave da história, em Chernobil, na fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrusia.
Hoje vivemos em tempos em que os debates sobre políticas energéticas e o meio ambiente andam de mãos dadas, e com esta peça os jovens da capital espanhola quiseram fazer lembrar o que aconteceu há mais de vinte anos, e as consequências do acidente que ainda hoje se fazem sentir.
A peça gira à volta da relação de um casal que sofreu com o desastre da fábrica. O homem foi considerado "radioactivo" depois do acidente, e não se devia aproximar da mulher, para não a contaminar com radiação. Mas o amor dos dois jovens vai ser mais forte, e o facto de o considerarem, a ele, um objecto de estudo e um “ser radioactivo”, que já não é mais o marido daquela mulher, não a vai impedir de o amar.
Como pano de fundo deste drama temos ainda o tratamento mediático que é dado a pessoas que deixaram de o ser, e são agora consideradas aberrações, e o exagero das notícias que mostram os acontecimentos de forma sensacionalista. Está ainda presente o binómio cidade/campo: tendo a fábrica afectado a cidade, as pessoas vêem-se obrigadas a ir viver para o campo. A alegria do jovem casal é imensa, numa mistura de amor pelo campo, respeito um pelo outro e sonho.
Embora a maior parte das pessoas seja contra as centrais nucleares, elas continuam a ser utilizadas. “Os altos cargos não têm em conta as vozes das pessoas”, deixaram como aviso os actores já no final, à conversa com o público.
A Companhia Universitária de Madrid conseguiu, com poucos actores, criar uma história que toca nas pessoas, misturando alegria com temas mais sérios, e aliando um sistema de luzes bem utilizado a elementos multimédia muito ricos. Uma peça que ficará na memória das pessoas pela positiva.


A peça dos estudantes espanhóis fala do mundo depois da catástrofe de Chernobil
A peça dos estudantes espanhóis fala do mundo depois da catástrofe de Chernobil


Data de publicação: 2008-03-18 00:01:00
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