Voltar à Página da edicao n. 432 de 2008-05-06
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Infoética e Verdade

> José Geraldes

A Comunicação Social tem sido objecto de atenção particular por parte da Igreja Católica. Sobretudo os últimos papas dedicaram-lhe discursos importantes. São notáveis as intervenções de Pio XII e João XXIII dirigidas aos jornalistas.
Mas foi o Concílio Vaticano II que realçou o valor da Comunicação Social na sociedade com a publicação do decreto Inter Mirifica. Depois Paulo VI impulsionou a publicação da instrução pastoral Comunhão e Progresso, documento anunciado no referido decreto e que constitui a referência de base do doutrina da Igreja sobre os media.
Passados 20 anos, o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais faz sair o documento Aetatis Novae que surge como uma actualização sobre as novas tendências no domínio da comunicação. João Paulo II, em 2005, escreve a carta apostólica O Rápido Desenvolvimento onde incita os católicos a “ter em conta a cultura mediática em que vivem”. Entretanto, o Conselho Pontifício, em 2000, publica o documento Ética nas Comunicações Sociais e, dois anos mais tarde, a Igreja e Internet.
Todos estes documentos destacam, de forma categórica, a importância da Comunicação Social e a recta informação que devem difundir.
Com a criação do Dia Mundial das Comunicações Sociais que este ano cai a 4 de Maio, os papas tomaram o hábito de dirigir uma mensagem sobre um tema específico. Bento XVI não foge à regra. A sua mensagem para este dia fala da procura da verdade e coloca os media na encruzilhada entre protagonismo e serviço.
Depois de salientar as potencialidades dos media e do seu contributo para “o avanço da democracia e diálogo entre os povos”, Bento XVI anota a “verdadeira mudança que os media estão a enfrentar”. E, para o papa, trata-se “não só de apresentar a realidade mas também de a determinar”. Daí que “nem tudo o que for tecnicamente possível, é eticamente praticável”. Por isso, Bento XVI considera como “necessária uma infoética tal como existe a bioética no campo da medicina e da pesquisa científica relacionada com vida”.
A procura da verdade é apontada pelo papa como “a vocação mais sublime da Comunicação Social”. Mas a verdade tem como base a pessoa humana e a sua dignidade.
Os media na sua voragem de conseguir audiências não podem aviltar esta dignidade da pessoa mas respeitá-la e promovê-la. E a verdade exige sempre rigor e honestidade.
Publicar mentiras é faltar ao dever de informar rectamente. E quando se mente, a dignidade humana sai aviltada e traída. E todos ficamos a perder. Como diz Bento XVI, o uso dos telemóveis e da Internet deve levar-nos à prática constante da verdade.

PS. A Covilhã ficou mais pobre. Augusto Lopes Teixeira deixou-nos. Primeiro presidente eleito na Câmara da Covilhã com três mandatos cumpridos, serviu com dedicação e brilho a cidade e o concelho. Lutador pela democracia, foi exemplar na relação com a Igreja, no exercício das suas funções. Homem bom e tolerante e de senso prático apurado. E de acção cívica e paladino da liberdade a não esquecer. Recentemente a morte levou também Reis Barata, homem dedicado à Covilhã que foi jornalista do NC. E que marcou a cultura e o desenvolvimento democrático entre nós.


Data de publicação: 2008-05-06 00:00:00
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