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> <strong>José Geraldes</strong><br />

A Covilhã e os três T

> José Geraldes

Covilhã-cidade festeja mais um aniversário: 138 anos. Mas a Covilhã como aglomerado populacional existe desde há muitos séculos.  A concessão do Foral por D. Sancho I em Setembro de 1186  reconhece a sua importância, confirmada por D. Manuel I com o segundo Foral em 1 de Junho de 1510.
D. Sebastião dá-lhe o título de “notável” pela sua posição, riquezas e iniciativas dos seus habitantes. A 20  de Outubro de 1870,  D. Luís concede-lhe o privilégio de cidade, seguindo-se a autonomia do concelho.
A Covilhã emerge, depois, como pólo industrial dos lanifícios, pólo turístico, pólo de desenvolvimento regional e, nos tempos modernos, pólo universitário e pólo tecnológico.
A dinâmica como cidade média continua no sentido de se tornar cada vez mais competitiva e dotada de elementos de atracção. Situada no Interior, a Covilhã  está a entrar no conceito das “cidades criativas” que Richard Florida, catedrático de Política Pública e Planeamento Urbano, teorizou.  Conceito que consiste na teoria dos três T : tecnologia, talento e tolerância como chave do desenvolvimento económico das cidades ou das regiões.
Segundo Richard Florida, as cidades para atrair a  “classe criativa”, isto é,  os profissionais que utilizam a criatividade como motor da sua actividade  entre artistas, músicos, cientistas, professores, agentes financeiros empresários e advogados ,  devem dispor de um ambiente cultural e social com dinamismo e aberto à diversidade. “As classes criativas –diz Florida- querem viver em locais onde podem reflectir e reforçar a sua identidade enquanto pessoas criativas. Não querem ser actores passivos no local onde habitam. Querem gozar a cultura de rua, mistura de cafés e pequenas galerias, onde não se traça a linha divisória entre participante e observador, criatividade e criadores.”
O guru das cidades criativas aposta no capital humano para desenvolver   a atracção e desenvolver talentos. Numa conferência na Gulbenkian, em Lisboa, defendeu que  sempre existiram cidades criativas, casos de Florença e Paris. E para reforçar a sua teoria, com a invasão da Internet, sublinhou que as comunidades virtuais não substituem as comunidades reais.
Para a captação de talentos, Florida especifica que “as regiões e comunidades que quiserem competir, terão que estar prontas para providenciar trabalhos atraentes e desafiantes, mas também um envolvimento próprio : restaurantes, arte, parques, bairros seguros.”A inovação surge como uma componente fundamental. E a participação da sociedade civil na estratégia definida é indispensável.  “Para concentrar as pessoas com talento –sublinha Florida- há uma única  condição:  ter potencial de atracção.”
A interioridade pode ter limites. Mas os especialistas afirmam que a inovação e o conhecimento constituem o paradigma de fixação de empresas e da criatividade.
Segundo dados da ONU,  45,3 por cento da população portuguesa tende a fixar-se na Grande Lisboa ou seja 4,5 milhões de pessoas, daqui a sete anos e no Grande Porto, 23,9 por cento . As zonas rurais ficarão com 22.5 por cento da população  e as restantes áreas urbanas terão 8,3 por cento dos portugueses.
A Covilhã , como cidade média do Interior, mostra  já capacidade de resposta aos critérios das cidades criativas para atrair os talentos e fixar pessoas.  O Parkurbis, a UBI, a Faculdade de Medicina, os grupos de teatro e de música, a investigação em varias áreas, as novas zonas de lazer são alguns exemplos.
A melhor prenda do aniversário da Covilhã-cidade  será  a continuação de uma dinâmica que a torne ainda mais competitiva no conjunto das cidades do Interior.  Queiram todos os actores sociais desde partidos políticos aos sindicatos, associações e à sociedade civil enfrentar, sem reservas, e, em conjunto, este grande desafio.


Data de publicação: 2008-10-21 00:00:01
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