Voltar à Página da edicao n. 463 de 2008-12-02
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Pedro de Almeida é um dos autores do projecto agora patenteado

Novos ventos de energia

Dois docentes da UBI acabam de patentear um sistema que pode revolucionar o aproveitamento das correntes eólicos nos mares. Armazenar ar dentro de depósitos submersos e utilizá-lo depois para produzir energia eléctrica é o principal objectivo deste novo sistema.

> Eduardo Alves

Pedro de Almeida, docente do Departamento de Informática e Pedro Dinho da Silva, do Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI são os dois autores da mais recente patente da instituição covilhanense.
Trata-se de uma “aposta no futuro”. Nos parques eólicos flutuantes que podem vir a tornar-se uma realidade “dentro de cinco a dez anos”, começa por explicar Pedro Almeida. Segundo o docente da UBI o sistema agora patenteado é uma central subaquática de armazenamento de energia. A estrutura é composta por torres eólicas, semelhantes às instaladas nos pontos mais altos do País, mas que vão estar apoiadas por uma estrutura flutuante, no mar. Ligada a essas mesmas torres está uma central eléctrica que aproveita a força do vento para produzir energia. Até aqui, para além do facto deste sistema estar montado de uma forma ainda pouco usual “mas perfeitamente aceitável para os próximos anos”, nada parece novo. Contudo, o que é revolucionário nesta patente é o facto “de ter associado a tudo isto, um reservatório de ar comprimido, de tamanho variável”. Este reservatório produzido a partir de um composto semelhante ao de bóias oceânicas que são utilizadas para levantar pesos do fundo do mar, “vai estar submerso e ligado por um tubo à central eléctrica”. Pedro Almeida acrescenta que “no mar, o vento sopra com maior força e pode ser aproveitado para a produção de mais energia”. É precisamente nesse ponto que este sistema começa a ganhar pontos, relativamente aos convencionais.
Quando a produção das torres eólicas está no seu máximo, mas as necessidades de energia não são tantas, “pode aproveitar-se essa energia para bombear ar atmosférico, de forma a encher o depósito que está no fundo do mar”. Esse depósito passa assim a funcionar como um reservatório de energia, na forma de ar comprimido. Isto porque, “quando o sistema necessitar de energia, e a força do vento não for suficiente para essa produção, pode utilizar-se o ar que está comprimido dentro do depósito, para a produção de energia”. O ar comprimido ao ser retirado do depósito passa por um sistema de turbinas que, ao girarem, produzem electricidade.
Os autores desta patente adianta que “o objectivo do trabalho agora apresentado passou por desenvolver um sistema mais económico que as alternativas que hoje já conhecemos e também que tenha mais eficiência. Esta eficiência, no nosso sistema, é conseguida porque se está a trabalhar a uma pressão de ar constante, ao contrário dos reservatórios de pressão rígida, em aço ou aquilo que se utiliza na prática, que são cavernas subterrâneas e são impermeabilizadas e usadas para armazenar ar comprimido”.
Este é um sistema de armazenamento de energia de uma forma indirecta e que, por isso, “permite o ajuste no tempo da produção eléctrica de sistemas aquáticos às curvas de consumo de energia eléctrica”. Desta forma, reduzem-se os problemas associados a este tipo de recurso, como os da incerteza ou da imprevisibilidade da produção de energia através da força do vento. Para além disso, todo o sistema patenteado recorre a depósitos de ar flexíveis, o que para além de funcionar melhor em termos de pressões, é também mais económico. Para já, existe uma empresa portuguesa interessada em apoiar a construção de uma primeira estação, “mas isso ainda vai demorar alguns anos, até porque, as técnicas de construção e as tecnologias estão agora a começar a ser implementadas”, sublinha Pedro de Almeida.


Pedro de Almeida é um dos autores do projecto agora patenteado
Pedro de Almeida é um dos autores do projecto agora patenteado


Data de publicação: 2008-12-02 00:00:00
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