Voltar à Página da edicao n. 482 de 2009-04-14
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Remar contra a maré

> Anabela Gradim

No ano em que se agudiza a crise económica, por contágio da crise financeira que teve o seu epicentro nos Estados Unidos, mas cujas consequências se fazem sentir em todo o mundo, em Portugal há menos licenciados inscritos nos centros de emprego. Esta é a conclusão da quarta edição do estudo «A procura de emprego dos diplomados com habilitação superior»,  publicado pelo MCTES no início de 2009, e trabalhando dados que se reportam ao ano transacto.
Entre os resultados do estudo, diz a tutela, verificou-se que o número de inscritos com habilitação superior nos centros de emprego em Portugal «diminuiu 4% entre Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008, tendo passado de 39 mil para 38 mil, apesar do total de inscritos ter aumentado 7% no mesmo período». Isto é, enquanto o desemprego em geral aumentou 7 por cento, entre os licenciados diminuiu em  mais de metade desse número.
Ainda mais expressivos são os dados que informam da descida, desde 2007, do número de cidadãos com habilitação superior inscritos nos centros de emprego, apesar o número de licenciados em Portugal nesse mesmo período ter, em termos absolutos, subido de forma muito expressiva em cerca de 56 mil indivíduos: eram 881 mil em 2007, e  937 mil em finais de 2008.
Entre os dados coligidos pelo ministério, constata-se que os licenciados inscritos em centros de emprego em finais de 2008 representavam 9,1% do total dos inscritos, o que equivale a 4,1% da população com habilitação superior. Ora, com os números do desemprego a aproximarem-se cada vez mais dos 10%,este dado mostra que o desemprego entre licenciados é cerca de metade do da população em geral, ou seja, que a formação superior «protege» contra o desemprego, especialmente o de longa duração.
Este estudo do MCTES é interessante, e todos os anos apresenta surpresas. Entre os dados que colige contam-se as áreas de estudo mais «problemáticas», mas também uma apreciação mais fina do desemprego por par curso-estabelecimento, que revela dados curiosos: um mesmo curso, numa dada escola ou região do país, pode estar a ter poucas saídas profissionais, e em outra região ou outra escola, apresentar resultados muito diferentes.
«No contributo das várias áreas de estudo para o total de inscritos com habilitação superior, em Dezembro de 2008, destacam-se “Ciências empresariais”, “Ciências sociais e do comportamento” e ”Formação de professores/formadores e ciências da educação” com, respectivamente: 19%, 12%, e 10% do total de inscritos».
Este relatório é um bom elemento de estudo para as famílias e os jovens que estão a pensar iniciar os seus estudos superiores, pelo panorama que traça das escolas, cursos, e diversas áreas profissionais. Mas atenção, um relatório que estuda e colige dados sobre o que se passou, efectivamente não diz nada, ou muito pouco, sobre o que se vai passar, pelo que o bom senso é fundamental. Por exemplo, de há uns anos a esta parte este estudo, e a vox populi, vêm dizendo que as escolas vêm formando professores a mais, e isso, teve tal efeito junto desta área de ensino, que não é impossível que dentro de poucos anos venha o relatório dizer precisamente o contrário.
Tenho para mim que a frustração dos jovens que terminam um curso e não encontram imediatamente emprego na sua área é sempre duplicada na seguinte circunstância: estudaram o que não queriam, e de que não gostavam, na mira de uma recompensa económica, e de status social, que afinal não chegou. Se invertermos esta primeira parte: estudou o que queria e de que tanto gostava... tudo se torna menos dramático. Além de que, as hipóteses de vir a ser um bom profissional, relevante na sua área, se encontram ligadas precisamente a isto, e a pouco mais.


Data de publicação: 2009-04-14 10:15:02
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