A palestra do diplomata brasileiro com o título “O Brasil na Era da Globalização” teve lugar no dia 27 de Abril, no Anfiteatro 7.20, e de forma simples e clara, conseguiu dar uma alusão à situação geoeconómica do gigante sul-americano, e foi um pouco ao encontro do que já havia dito em entrevista ao “Jornal i”, no passado mês de Fevereiro. A entrada foi livre.
Com o anfiteatro quase lotado, Mário Vilalva começou por iniciar o colóquio com a necessidade de ressalvar a mudança e transformação sofrida pelo mapa político sul-americano, falando no crescimento paulatino do Brasil no sector relevante internacional, e também das preocupações deste país em protagonizar a mudança.
“É preciso deixar os novos actores actuar”, começou por dizer, fazendo referência à exclusão de países como o Brasil ou China nas deliberações de organizações como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial. “Digo isto para que exista uma melhor democratização nas decisões das Nações Unidas”, defendeu.
Um dos temas mais focados por Vilalva durante a palestra foi essa mesma necessidade, “a de se criarem novas portas a novos países emergentes na economia internacional”. Com o poder crescente dos BRICs, expressão que se refere às economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China, o diplomata refere que o seu país “quer participar na governça dessas organizações” e que através de um processo de “novas coligações políticas, no processo de democratização” se lhe confere o direito de participar nas decisões de maior relevo do “G20”, mas que, “quem diz o Brasil, diz outros países como a África do Sul ou Índia”, uma vez que o Brasil está “pronto para assumir responsabilidade”, apontando ainda a “ausência da distribuição do poder político” como um dos causadores das crises.
Vilalva sublinhou também a importância das “políticas externas com os restantes países da América do Sul”, e explicou que estas são a prioridade número um para os brasileiros. O diplomata afirmou também que a forte relevância do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da relação intensa nos mercados de investimento em vários pontos do ponto do mundo “fez com que o Brasil se salvasse desta última crise”.
No final da palestra, Mário Vilalva indica que no caso de “Portugal e Brasil, temos um capital político acumulado de séculos” e que estamos “vivendo um momento em que a prioridade é dada ao comércio bilateral e contribuindo para os investimentos mútuos para criar emprego nos dois países”.
A organização da conferência coube ao Núcleo de Estudantes da Ciência Política e Relações Internacionais (NECPRI) da Universidade da Beira Interior, em parceria com as direcções de curso do 1º Ciclo em Ciência Política e Relações Internacionais e 2º Ciclo de Relações Internacionais.