Na vila de Caria, os preparativos para o Natal começam dias antes: é preciso fazer as filhoses, comprar o bacalhau, o bolo-rei e, apesar da crise, quase ninguém dispensa comprar as prendas para a família.

Na noite de 24 de Dezembro, as famílias reúnem-se para o jantar de Consoada. A ementa é constituída pelo tradicional bacalhau cozido acompanhado pelas batatas e pelas couves. Depois, algumas famílias escolhem ainda fazer para segundo prato o peru assado ou o polvo cozido. Por fim, passa-se às sobremesas que variam de casa para casa, enchendo a mesa. Não pode faltar em nenhuma casa o bolo-rei, as típicas filhoses e as rabanadas. 

Após o longo jantar, os mais pequenos começam a contar os minutos até à meia-noite, momento para  abrir os seus presentes. Os mais velhos põem a conversa em dia ou jogam à sueca. Chegada a meia noite é hora de abrir as prendas e distribuir uma lembrança, por mais pequena que seja, por cada familiar.

Esta noite tão especial continua com a Missa do Galo e com a reunião de amigos e familiares à volta do conforto que o madeiro proporciona todos os anos. É no Largo da Igreja que semanas antes os jovens juntam toda a lenha que recolheram e tentam assim fazer um belo madeiro que seja o favorito à vitória do concurso desse ano. Este ano, o madeiro da terra ficou em segundo lugar. Madrugada dentro é passada à volta do madeiro, esteja frio ou chuva, pois a maioria não dispensa o momento. João Miguel Aguilar, jovem que participou na organização deste ano, afirma que "o madeiro é uma forma de criar e manter laços entre a população, entre quem o realiza e quem vai assistir na noite. Natal sem madeiro seria como ter uma família sem união dentro de cada localidade."

No dia 25, as famílias voltam a reunir-se à mesa para o almoço de Natal e assinalam assim mais um ano desta época em que o mais importante é a solidariedade, o amor e a celebração em família.