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Doutoramentos Honoris Causa homenageiam o industrial, o gestor e o cientista
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 22 de outubro de 2014 · UBI Paulo de Oliveira, Zeinal Bava e Carlos Salema receberam doutoramentos Honoris Causa na sessão solene de abertura do ano letivo. |
(Da esquerda para a direita) Carlos Salema, Paulo de Oliveira e Zeinal Bava |
21969 visitas Abertura oficial do ano letivo na Universidade da Beira Interior (UBI), três novos doutores Honoris Causa atribuídos pela instituição. Pode resumir-se desta forma a tarde de terça-feira, 21, dia em que a Academia homenageou Carlos Salema, Paulo de Oliveira e Zeinal Bava pelos contributos prestados para o evoluir da UBI, mas também pelo que fizeram a nível nacional nos campos da ciência e economia. Dos símbolos da “antiga” – mas que continua a fazer parte do presente –, à nova Covilhã. Dois dos doutoramentos Honoris Causa tiveram esta carga simbólica. Do lado da tradição, Paulo de Oliveira. Um dos mais importantes herdeiros da tradição laneira da cidade, gestor de um grupo que emprega cerca de 1200 pessoas e é o maior produtor da Península Ibérica deste setor. Do outro, Zeinal Bava, antigo responsável pela Portugal Telecom (PT), que teve um papel decisivo no colocar da cidade no mapa da evolução tecnológica, com a decisão de construir na Covilhã o Data Center, que é também a ponte para o aprofundamento da ligação com a UBI.
PAULO DE OLIVEIRA: A TRADIÇÃO E INOVAÇÃO LANEIRA Paulo de Oliveira, 77 anos. O primeiro covilhanense a quem foi concedido o Doutoramento Honoris Causa pela universidade local, conta com meio século ligado aos lanifícios. A tal da história da Covilhã, mas que evoluiu pela mão deste empresário. “As suas iniciativas permitiram abrir à indústria de lanifícios nacional os mais rasgados horizontes mundiais no âmbito da globalização, tendo contribuído significativamente para a afirmação internacional deste subsetor”, salientou Manuel Santos Silva, o padrinho de Paulo de Oliveira na cerimónia. O industrial – acrescentou o ex-reitor – “apostou na qualidade, na inovação e na criatividade, como eixos estruturantes da sua intervenção, para renovar a tradicional indústria de lanifícios” e deve-se-lhe igualmente “uma forte contribuição para o fomento da coesão social a nível regional, através da constante ocupação manifestada na criação e manutenção, ao longo das últimas décadas, de um elevado número de postos de trabalho”.
ZEINAL BAVA: DATA CENTER E A INOVAÇÃO Zeinal Bava, 49 anos, o mais jovem dos três novos doutores, por seu turno, incorpora totalmente a ideia de inovação. Engenheiro de formação, é reconhecido como um dos gestores de maior competência no País, mesmo tendo em conta o percurso mais perturbado dos últimos tempos. Na Covilhã, é identificado como um dos protagonistas da instalação do Data Center da PT, um investimento singular numa zona do Interior e que estreitou laços com a UBI, como lembrou José Manuel Tribolet. “Nessa conformidade, desenvolveu relações estreitas com esta região e com esta universidade, visando o desenvolvimento de cursos e de competências especializadas associadas à existência desta tremenda e inovadora capacidade nacional”, disse o padrinho do gestor, responsável por mudanças na PT, que fizeram dela “uma empresa moderna, ágil e inovadora e sob o mote de que a tecnologia é um meio para atingir um fim, a saber: melhorar a qualidade de vida das pessoas e aumentar a eficiência e eficácia das empresas”. É também um exemplo para os universitários, segundo José Manuel Tribolet. “Este posicionamento intelectual e profissional de Zeinal Bava está em total sintonia com o sentido mais profundo da missão da universidade na sociedade”, afirmou, elencando “o gosto pela ação informada e competente, humildade perante a ignorância e a vontade indomável de a vencer pela conquista do conhecimento” e “a disciplina do trabalho, a promoção de equipas, a ambição de realizar mais e melhor e a capacidade de tomar decisões, sem medo de errar e assumindo as consequências”.
CARLOS SALEMA: O CIENTÍSTA Carlos Salema, 72 anos, engenheiro eletrotécnico, representa no trio de homenageados o académico e científico. Na qualidade de presidente do Instituto de Telecomunicações (IT), proporcionou a instalação de um laboratório externo na Universidade e, anos mais tarde, uma delegação. Foi membro da Assembleia Estatutária da UBI e o primeiro presidente do Conselho Geral da instituição, entre 2009 e 2013. João Queiroz lembrou os tempos em que começou a contactar com Carlos Salema, altura em que ficou “logo sensibilizado pela forma como pensava a investigação, a sua organização e como referenciava os fatores de qualidade e competitividade”. “Esta universidade deve estar orgulhosa como Carlos Salema sempre soube liderar o Conselho Geral e pela forma como sempre compreendeu as dificuldades, mas também as vitórias”, acrescentou aquele que foi reitor da UBI até 2013, na altura em que o homenageado presidiu ao Conselho Geral e “ajudou a UBI no contexto nacional e internacional”.
UBI CRIA ACADEMIA PARA ALUNOS DO SECUNDÁRIO A atribuição dos doutoramentos Honoris Causa teve lugar na sessão solene de abertura do ano letivo da UBI, ocasião aproveitada pelo reitor para anunciar a criação de uma academia de ciências para alunos do Ensino Secundário. Com este projeto, António Fidalgo quer ver a instituição que dirige a incentivar o estudo de áreas que têm tido menor procura nos candidatos ao Superior: matemática, física e química. As escolas da Cova da Beira serão as parceiras desta iniciativa que levará à UBI os “melhores alunos” nessas disciplinas “um dia inteiro por semana para serem envolvidos num ambiente académico intenso”. Num ano em que o setor continuará a ter pouco dinheiro vindo do Orçamento de Estado, o responsável lamentou que a UBI seja “a universidade portuguesa mais subfinanciada”. “Do montante global do Orçamento do Estado destinado ao Ensino Superior deveríamos receber 2,91 por cento. Pois fiquem sabendo que em 2013 apenas recebemos 2,30 por cento. Ou seja, a UBI deveria receber mais 26 por cento do que aquilo que efetivamente recebe para chegar à média de financiamento nacional”, afirmou. A diferença tem como base “o famigerado histórico do financiamento” e as cativações orçamentais. “Em 2013, tal representou meio milhão de euros, cativações que outras instituições, sem subfinanciamento crónico, não tiveram”, disse, acrescentando que a UBI vai lutar com “dificuldades enormes” que se refletem na “falta de pessoal docente e não docente”. Ainda assim, a instituição continuará a cumprir o “dever de bem ensinar e investigar” concluiu. |
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