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"O comentário político é o Parlamento dos Portugueses"
Mariana Rodrigues · quarta, 25 de novembro de 2015 · UBI Pacheco Pereira encerrou a II edição da Conferência Televisão e Novos Meios, com uma comunicação integrada no painel "Comentário Político e a Influência das Audiências". O último dia do evento reuniu ainda académicos e profissionais de televisão: Manuel Pinto, Sérgio Figueiredo, Gonçalo Madaíl e Joaquim Paulo Serra para discutirem a produção de conteúdos e o futuro da televisão. |
Pacheco Pereira na Conferência Televisão e Novos Meios. Foto: Paulina Fonseca |
21971 visitas Pacheco Pereira, um dos mais conhecidos comentadores políticos portugueses no activo esteve na Covilhã para falar sobre comentário político. O historiador considerou que Marcelo Rebelo de Sousa, juntamente com Paulo Portas, é hoje o mais influente representante da classe, pois modelou a forma como jornalistas e opinion makers portugueses trabalham o comentário político. "Marcelo fez a escola do jornalismo político em Portugal. O seu comentário tem a forma e a estrutura de um jornal: há o editorial, comenta as notícias, comenta os livros, e até tem uma seção de comes e bebes. A estrutura daquilo é a de um jornal", defendeu. Além disso, imprimiu uma marca muito forte no comentário nacional ao "fazer uma análise de cenários, que nunca são verificados", e para Pereira "isso marcou todo o nosso comentário político. Os outros comentaristas quando querem actuar reproduzem este cenarismo, daí a sua grande influência sobre os jornalistas". Mas "Marcelo também tem um papel positivo no debate público, quando explica coisas às pessoas. O comentário político é o parlamento para a maioria das pessoas. As pessoas vêem nele a discussão parlamentar que não encontram no parlamento". Pacheco Pereira lamentou ainda a "pouca independência dos jornalistas face ao poder político", considerando que "o debate sobre os media é essencial no debate político em Portugal. O discurso em sound bytes impede o debate racional, resultando num debate com pouca qualidade: o logos foi substituído pelo pathos, que a TV passa excepcionalmente bem", concluiu. Esta conferência foi precedida pela intervenção de Joaquim Paulo Serra que analisou o panorama do comentário político televisivo em Portugal, a partir das prestações de Marcelo Caetano nas "Conversas em Família" e das homilias televisivas do homónimo Marcelo Rebelo de Sousa. Com a complexificação da sociedade, no painel "A memória do espectador e o futuro da televisão" considerou-se que "há uma mudança significativa dos hábitos de consumo das audiências" pois "a tecnologia permitiu que o consumidor fosse dono do seu tempo e escolhas". A televisão já não é vista como um ecrã, "é uma técnica de jornalismo que a internet não contraria, pelo contrário, potencia", no entanto, "é importante integrar novos profissionais" no mundo do jornalismo digital", explica Sérgio Figueiredo, o Diretor da Informação da TVI. São nítidas as mudanças tecnológicas "que alteraram as práticas quer do lado da produção, difusão, quer do lado da receção", a questão "é que cada meio novo vem dialogar com um quadro pré-existente que obriga todos os outros operadores a reposicionarem-se", defendeu Manuel Pinto, Professor da Universidade do Minho. A crescente fragmentação de públicos levou a uma oferta muito diferente da que até então existia: "o mundo mudou, a realidade do consumo mudou", "temos mais ecrãs do que alguma vez tivemos e consome-se mais imagens que alguma vez se consumiu", realça Gonçalo Madaíl, Diretor da RTP Memória e da RTP Inovação. |
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