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Covilhã, natureza e uma dose de imaginação
Sara Guterres · quarta, 9 de mar?o de 2016 · A Tinturaria da Covilhã acolhe nas suas instalações, até ao início do mês de abril, uma exposição do artista Eduardo Nunes, que contempla na sua arte as paisagens daquela cidade da beira baixa. |
O artista, Eduardo Nunes, explica uma das suas obras ao público presente na inauguração da exposição |
21997 visitas Entre tons e texturas, das asas da imaginação à tela, da inutilidade à recriação artística. “Covilhã Paisagens” chegou em força e veio para ficar. Uma exposição inaugurada no passado dia 1 de março e que se encontrará aberta ao público no espaço da Tinturaria da cidade serrana. A designação atribuída à exposição tem um propósito. Segundo o artista, a escolha do nome foi baseada no próprio “contexto das obras de arte”, tendo em que conta que o que está retratado nas telas são as paisagens da cidade beirã. Um trabalho que durou cerca de dois meses para ser concretizado: “Eu estive cá três dias em dezembro a tirar fotografias e foi a partir dessas imagens, assim como de alguns desenhos com aguarelas, que consegui produzir o que está aqui representado”, confessou Eduardo Nunes. O gosto do artista pela pintura cedo se evidenciou. “É uma coisa quase inata. Ando sempre com um caderno e uma caixa de aguarelas para poder desenhar. Na sua maioria, coisas simples do dia a dia”, confidenciou. Eduardo referiu que procura inovar, “fazer coisas que ninguém faz e que marquem a diferença no mundo artístico” e, por isso, tenta que de local para local as suas obras sejam diferentes. Essa variabilidade é explicada pelo pintor como uma “necessidade”. Cabides que ganham vida e se tornam pernas, raízes que se transformam em animais: um intercalar da arte com a imaginação. Para além de pintor, o artista tem-se dedicado à criação de peças de escultura a partir de objetos “que na sua autenticidade não representam nada, mas que juntos podem dar origem a coisas inimagináveis”. Reaproveitamento: é esta a génese das peças esculturais construídas por Eduardo Nunes, a partir de materiais que deixam de ter sentido e utilidade para a maior parte das pessoas, mas que passam a “ter um sentido artístico e estético” para o próprio autor. “Desconstruir e voltar a construir. Reunir, baralhar e construir de novo. Sempre foi este o meu jogo: a reconstrução. Por vezes, quando era mais novo, escondiam-me as ferramentas porque eu desmontava tudo para depois voltar a montar”, comentou Eduardo Nunes. “O facto de o artista criar peças a partir do reaproveitamento de materiais foi exatamente uma das razões que nos levou a escolher esta exposição. Pretendemos que a Tinturaria seja um espaço dinâmico, não queremos ter só pintura ou escultura. Quando aparecem coisas diferentes aproveitamos”, realçou a diretora da Tinturaria da Covilhã, Ana Brancal. Para além de se dedicar à pintura e à escultura, há um marco que traça o percurso do artista no mundo da arte: a produção de candeeiros. É no seguimento dessas criações que surge a necessidade de criar um projeto - “Torno Voador” - que integra três dimensões: iluminação, mobiliário e cabeceiras. Cada uma das categorias é gerida por um dos três artistas envolvidos nesta atividade. O interesse pela arte fez com que fossem muitos aqueles que estiveram presentes na inauguração da exposição, que se encontrará aberta ao público até ao dia 3 de abril. Foi o caso de Sandra Soares, residente na Covilhã, que considera que este tipo de evento “move muita gente e abre horizontes”. “Acho que este processo de reutilização de materiais é algo muito interessante, fazer peças magníficas a partir de coisas inúteis para a maioria das pessoas. Basicamente, este artista torna lixo em obras de arte e eu acho que isso é realmente de louvar”, mencionou. Pintura, escultura, lançamento de livros e workshops são alguns dos eventos culturais organizados pela tinturaria. Este é um edifício da Câmara Municipal da Covilhã, construído de raiz para possibilitar a realização deste tipo de iniciativas. Jorge Torrão enquanto vereador da cultura, marcou presença na inauguração da exposição, referindo a sua opinião acerca da projeção destas ações culturais. Acrescentou ainda que este tipo de “momentos de convívio enriquece o quotidiano de cada um que por ali passa”. Esta não é a primeira vez que Eduardo Nunes expõe a sua arte na cidade serrana. “Covilhã Paisagens” é a terceira exposição que o artista exibe no município covilhanense, sendo que as duas que a antecederam estiveram abertas ao público no Museu dos Lanifícios. “Páscoa Colorida”: é este o nome atribuído à próxima iniciativa, organizada pela Tinturaria da Covilhã, que irá decorrer no seguimento desta exposição. Durante as férias da Páscoa, a galeria receberá nas suas instalações crianças de ATLs da cidade beirã. O objetivo é “fazer com que os mais pequenos aprendam o que é a reciclagem”, a partir da reutilização de materiais que, à partida, são inúteis. |
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