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Projeto "Fronteiras" promove a integração da comunidade cigana
Carla Sousa · quarta, 29 de junho de 2016 · O projeto "Fronteiras", promovido pela associação CooLabora, tem como principal objetivo facilitar a integração da comunidade cigana da freguesia do Tortosendo e assim contribuir para combater alguns dos estereótipos e preconceitos que estão associados aos indivíduos daquela etnia. A iniciativa foi apresentada no passado dia 23 de junho, na sede da CooLabora. |
O projeto foi apresentado no passado dia 23 de junho |
21975 visitas Segundo a presidente da CooLabora este é um grupo “em relação ao qual persistem dos piores estereótipos que nós temos na nossa cultura, a maior parte dos preconceitos todos que existem perduram há 500 anos e são sobretudo porque não somos capazes de criar pontes para cruzar essas fronteiras, não fomos capazes de conhecer, de perceber e de nos entender mutuamente”. No sentido de alterar esta realidade surge então este projeto, que de acordo com Graça Rojão vai contribuir para esbater este desconhecimento mútuo. “Espero sinceramente que este projeto seja efetivamente uma oportunidade para que mais cidadãos e cidadãs de Portugal, neste caso a minoria cigana, possa ser mais conhecida porque acredito que quanto mais nós conhecermos a realidade mais a entendemos e menos atreitos somos a estereótipos que não fazem sentido nenhum”, assume. Assim sendo, a ação vai contar com três voluntárias, Teresa Correia, mentora para migrantes, Sónia Sá, investigadora da Universidade da Beira Interior (UBI) e Catarina Moura, docente da UBI, que vão criar uma exposição de fotografia com os sonhos das crianças e um vídeo com as histórias de vida de algumas das pessoas da comunidade. Depois de cumprida esta tarefa o passo seguinte é apostar em “sessões de sensibilização para as pessoas não ciganas e também fazer com que estes vídeos circulem pelas redes sociais para que cheguem a todo o mundo”, explica a coordenadora do projeto. Para Rosa Carreira trata-se então de um projeto “inovador porque por um lado envolve a própria comunidade cigana na criação de ferramentas para combater estes estereótipos e preconceitos e vai também consciencializá-los para os seus direitos e deveres enquanto cidadãos portugueses”. Por sua vez, o líder da comunidade cigana do Tortosendo considera que ainda existem vários mitos associados a este grupo minoritário. “Há muitos mitos que o cigano que é mau, trapaceiro, vigarista e ladrão, mas não é bem assim porque em todas as etnias há o bom e o mau e há ciganos que ainda estão num nível baixo porque talvez não há pessoas com a iniciativa de colaborar com os ciganos e incentivá-los a serem integrados na comunidade”, refere. Mário Cardoso acrescenta ainda que o problema de integração da comunidade cigana reside no facto de a sociedade realizar, frequentemente, generalizações negativas. “Para mim é uma honra estar neste projeto e nós ciganos do Tortosendo estamos dispostos a colaborar e a cumprir com os deveres deste projeto. Ser cigano não é mau, para mim o problema de tudo isto está no facto de que se um cigano fizer uma asneira pagamos todos pelo mesmo, isto não pode continuar desta maneira porque nem todos somos iguais”, salienta. Já o presidente da Junta de Freguesia do Tortosendo confessa que deposita elevadas expetativas nesta ação. “A comunidade cigana não pode só vincar os direitos que tem, é importante e acima de tudo saber respeitar os deveres, cumprir as suas obrigações. Infelizmente o nome cigano tem a conotação negativa, qualquer coisa que se faça de mal culpa-se o cigano, por isso conto com este projeto para tornar a comunidade cigana do Tortosendo mais forte”, admite David Silva. Também o coordenador Nacional do Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas do Alto Comissariado para as Migrações marcou presença na sessão de lançamento deste projeto, onde destacou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos e que tem contribuído para a inclusão da comunidade cigana. “Nos últimos anos a estratégia nacional tem representado uma oportunidade para colocar na agenda pública a temática de integração das comunidades ciganas, mas também tem constituído uma oportunidade para vários organismos promoverem os valores do diálogo intercultural, da igualdade de oportunidades, da cidadania e da participação, do combate à discriminação e da valorização da história e cultura ciganas”, frisa. De resto, sobre o projeto “Fronteiras” Carlos Nobre diz ter a certeza que “vai assegurar um quadro de cooperação que fará deste projeto catalisador da promoção da igualdade de oportunidades e da integração efetiva das comunidades ciganas, sobretudo aqui no território da Covilhã”. Este projeto tem o apoio do Fundo de Apoio à Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades ciganas, gerido pelo Alto Comissariado para as Migrações, e possui como parceiros a Universidade da Beira Interior, a Câmara Municipal da Covilhã e a Junta de Freguesia do Tortosendo. |
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