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Retratos das gentes de outros tempos
Daniela Oliveira · quarta, 12 de outubro de 2016 · Cultura A exposição fotográfica “Gentes da Beira” de António Supico esteve em destaque entre os dias 4 e 6 de outubro, na Tinturaria. As fotografias que começaram a ser capturadas em 1993, evidenciam o quotidiano dos habitantes das beiras de Portugal. |
Inauguração da exposição "Gentes da Beira" |
21961 visitas António Supico, professor, músico e fotógrafo, decidiu captar um conjunto de imagens que nos introduzem numa geografia, de um tempo indefinido, das memórias do território e das raízes dos habitantes das regiões das beiras Alta, Baixa e Litoral, ao qual decidiu chamar “Gentes das Beiras”. Nas palavras do fotógrafo, “descobri como é extraordinariamente rico o nosso património humano e arquitetónico, particularmente o da minha região, a Beira Interior, em particular a Cova da Beira e o Fundão que me viu nascer”. O profissional da fotografia começou a captar as imagens que deram vida à exposição em 1993, aos fins-de-semana, tempo que passava na sua terra natal, dado na altura exercer a profissão de professor em Lisboa. Em 2012, com a ajuda dos eurodeputados da CDU (Coligação Democrática Unitária) exibiu a sua obra na galeria de exposições do Parlamento Europeu. O seu objetivo foi “dar a conhecer ao mundo as histórias dos habitantes das beiras, com um conjunto de retratos a preto e branco”. A obra “Gentes da Beira” foi inaugurada no passado dia 4 de outubro, terça-feira, e contou com a presença de ilustres convidados, entre eles António Fidalgo, Reitor da Universidade da Beira Interior, Jorge Torrão, vereador da cultura da Câmara Municipal da Covilhã e Maria Antonieta Garcia, doutora em Sociologia da Cultura, que apresentou a mostra. O coro da Academia de música do Fundão foi responsável pela abertura da inauguração, com músicas dedicadas ao trabalho e aos sentimentos das pessoas que, toda a sua vida, trabalharam no campo. A responsável pela apresentação da galeria de fotografias, Maria Antonieta Garcia, descreveu este conjunto de retratos humanos e patrimoniais como “uma construção da memória das gentes da beira”. As fotografias “oferecem-nos a oportunidade de conhecer histórias e têm o poder de retratar sentimentos que muitas vezes passam despercebidos”, realça. O conjunto de fotografias que deu origem à exposição foi ilustrado num livro, editado pela Câmara Municipal do Fundão, que conta todas as histórias por detrás de cada imagem captada por António Supico. Para o autor, “a história mais dificil de retratar foi a de uma senhora idosa que vivía sozinha, numa casa aparentemente abandonada, em condições míseras”. O livro é composto por uma “Suite fotográfica” acompanhada por violino e violoncelo, representando em andamentos 10 fotografias escolhidas pelo maestro Luís Cipriano. A exposição “representa a Beira de outros tempos e tem muito impacto para as gentes que compõem os retratos desta terra”, realça Pedro Galheiro, visitante da exposição. “Atualmente, as pessoas não têm noção da importância deste tipo de trabalhos, do valor não só sentimental como patrimonial que eles representam”, salienta. No final da inauguração, António Supico assumiu: “A máquina fotográfica mostrou-me mais mundo. Foi com ela que me apaixonei por nuvens de todas as formas e movimentos, que me enamorei por portões e muros de pedra, por birras e sorrisos de criança. Entreguei-me a rostos marcados pelo tempo, alguns cheios de rugas, sulcos que a idade e o rigor esculpiram e escavaram em homens e mulheres que me foram contando, mesmo em silêncio, histórias de vida e muito trabalho”. |
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