Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Uma velha senhora que se recusa a desaparecer
Vera Matias e João Alves Correia · quarta, 2 de novembro de 2016 · Região Cento e trinta e cinco anos passados sobre a descoberta da riqueza mineral da Barroca Grande, as Minas da Panasqueira revelam agora valiosas jazidas de cariz sociocultural. |
Grupo de Cantares Terras do Volfrâmio com o sr. vereador da cultura da Câmara Municipal da Covilhã, Jorge Torrão (foto de João Alves Correia) |
21976 visitas Forçados a explorar riquezas regionais que não a mineral, os últimos resistentes das Minas da Panasqueira escavaram uma galeria até à Biblioteca Municipal da Covilhã para, no dia 29 de outubro, apresentarem a conferência "Minas da Panasqueira - História e cultura ao longo dos tempos". A conferência teve diversas facetas educativas e elucidativas, ora mais populares, ora mais técnicas, mas sempre didáticas. José Luís Campos, ex-mineiro e uma das principais figuras associadas à história das Minas da Panasqueira, deu início ao evento através de uma viagem no tempo pela região, desde o reconhecimento do seu valor geológico no séc. XIX, passando pela sua importância estratégica e económica nacional durante a Segunda Guerra Mundial e finalizando com a aposta futura nos filões turísticos das terras do couto mineiro. A vertente mais técnica ficou a cargo de Filipe Pinto, geólogo das minas, que apresentou os fundamentos científicos que as caracterizam como principal centro mundial qualitativo e quantitativo de tungsténio. Para além de uma descrição pormenorizada da geologia desta área geográfica, frisou a importância crítica desse elemento em todas as instâncias em que se utilizam ligas pesadas e superligas. Já Elisa Pinheiro, professora aposentada de História da Universidade da Beira Interior, realçou a importância do património económico, político, industrial, sociocultural, turístico e histórico das gentes mineiras daquela zona, que elevaram o desenvolvimento sustentado de toda a região da Covilhã. Apelou ainda aos poderes políticos para que não deixassem esta singular comunidade mineira desaparecer. Enfatizou que a região do "Ruhr, na Alemanha, tem a rota mais lucrativa de património industrial a nível mundial", numa alusão clara ao binómio investimento cultural/retorno monetário que as Minas da Panasqueira representam, até porque "o futuro da zona do couto mineiro será o turismo, visto que mais cedo ou mais tarde a prospeção de minério terá um fim". Poucos ignoram a importância geral das Minas da Panasqueira desde a aurora da Segunda Guerra Mundial. Contudo, o profundo impacto económico e social que transformou a região registou uma atenuação crescente graças à automatização da indústria mineira. Com esta, vieram os cortes de funcionários, que no seu auge contavam cerca de 20 mil trabalhadores e que hoje são pouco mais de 300. Munidos dos seus capacetes, picaretas e instrumentos musicais, os integrantes do Grupo de Cantares Terras do Volfrâmio precederam a conferência com um momento musical pleno de tradição e dedicação às suas origens. Jorge Torrão, vereador da cultura da Câmara Municipal da Covilhã, fez um prefácio e apresentou cada um dos oradores na qualidade de mediador da conferência, inserida nas celebrações dos 146 anos da elevação da Covilhã a cidade. |
Palavras-chave/Tags:
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|