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“Verduras e legumes contribuem para melhor desempenho escolar”
Juliana Reigosa · quarta, 6 de junho de 2018 · Alimentação nutritiva, hidratação e noites bem dormidas impactam diretamente na vida das pessoas, colaborando para dar mais energia ao cérebro. |
Regina Célia Martins Afonso, nutricionista do Centro de Saúde da Covilhã, aponta dicas saudáveis para estudantes em época de exames - Crédito: arquivo pessoal |
21990 visitas A reta final do ano letivo, em especial por conta da entrega de trabalhos e realização de exames, muda completamente a rotina de muitos alunos, que entram numa maratona stressante de estudos, com desgaste físico e mental. Alimentação, hidratação e sono são as principais vítimas dessa correria, já que é normal os alunos ficarem nervosos e ansiosos e passarem a descuidar dos hábitos saudáveis. Em entrevista ao Urbi et Orbi, Regina Célia Afonso, nutricionista do Centro de Saúde da Covilhã, dá algumas dicas e conselhos para os estudantes manterem uma alimentação saudável e terem combustível para esta fase crucial da vida acadêmica. “De modo geral, tendo uma alimentação mais regular, praticando atividade física, se hidratando e tendo uma boa noite de sono, tudo isso vai influenciar no desempenho da pessoa”, ressalta a médica, que veio do Brasil para se radicar na Covilhã.
Urbi et Orbi: Quais são os principais impactos de uma má alimentação na vida das pessoas, especialmente para os estudantes em época de estudos e exames? Regina Afonso: No geral, uma má alimentação causa muitos problemas de saúde, como hipertensão, diabetes e obesidade, já muito acentuada na área infantil, enquanto uma alimentação saudável pode nos despertar mais. Urbi et Orbi: E que tipo de alimentação deve ser privilegiada? Regina Afonso: Se consumirmos a quantidade que precisamos de hidratos de carbono [também chamados de carboidratos ou glicídios], vamos ficar mais atentos e ter mais energia cerebral. Se ingerirmos verduras e legumes, com os antioxidantes, com as vitaminas que são necessárias, B1, C e D, isso vai modulando o nosso cérebro, passando a ser uma resposta imediata para o melhor desempenho escolar naquele momento. Isso deveria ser feito a partir dos seis meses do bebé, com a introdução de novos alimentos, pois isso muda a vida. Mas as famílias hoje em dia estão meio atrapalhadas, correndo sempre, e a alimentação acaba sendo descuidada. Urbi et Orbi: Como alimentar o cérebro e o corpo na altura dos exames? Regina Afonso: Recomendo não passar a noite toda estudando e ter uma boa noite de sono porque o descanso é importante. Estar a ingerir água todos os dias para estar com o corpo hidratado também é fundamental. E ainda é importante fazer as refeições um pouco mais completas durante o pequeno-almoço e o almoço e mais leves na hora do jantar. Se a alimentação for tratada assim o organismo vai ter um melhor desempenho e o cérebro também. É claro que há pessoas que são mais obstipadas, cujo intestino não funciona bem. A concentração de cada um também é diferente. Mas, de modo geral, tendo uma alimentação mais regular, praticando atividade física, se hidratando e tendo uma boa noite de sono, tudo isso vai influenciar no desempenho da pessoa. Urbi et Orbi: Quais são os principais alimentos que aumentam a concentração? Regina Afonso: São os alimentos ricos em hidratos de carbono, que representam o macronutriente mais importante para essa finalidade [são responsáveis pela obtenção da glicose, a principal fonte de energia celular]. Especificamente, os cereais e tubérculos e as leguminosas. A batata, por exemplo, que faz parte do primeiro grupo, é uma fonte de glicose. Já do segundo grupo, podemos citar o feijão e outros grãos, como a lentilha que, apesar de ser um alimento proteico, tem amido e fornece energia ao organismo. Urbi et Orbi: E existe algum alimento que seja bom evitar nessa época? Por quê? Regina Afonso: Da roda dos alimentos, não há nenhum que não seja recomendado. Mas existem alguns que devem ser evitados em excesso, como os altamente processados. Esses alimentos têm excesso de gordura, de açúcar e, às vezes, de sal, o que acaba por prejudicar a digestão, afetando o sono da pessoa, já que fica mais difícil dormir. A parte gastrointestinal também pode ficar prejudicada, além do que, para o futuro, o consumo excessivo desse tipo de alimento pode prejudicar a saúde. Existem alguns snacks saudáveis, como nozes, amêndoas, sementes de girassol e iogurte, que não têm problema. Mas alimentos altamente processados, como bolachas, batatas-fritas e pãezinhos recheados de chocolate, realmente não são bem-vindos. Urbi et Orbi: A hidratação também é fundamental para o corpo humano, ainda mais em época de estudo intensivo. Qual é o mínimo de água que a pessoa deve beber ao longo do dia? Regina Afonso: A quantidade de água que devemos beber é muito particular, conforme cada um. O que eu costumo dizer para os meus pacientes é: “olhe para a urina”. Se estiver amarela, vá beber mais água. É importante manter a urina em um tom amarelo suave, que é sinal que a hidratação está bem. Você pode precisar de um litro por dia, eu posso precisar de um litro e meio, outra pessoa pode precisar de dois litros. Isso é relativo e depende também da atividade física praticada, da época do ano, se está mais calor. A urina estando clara é um bom sinal. Mas nunca pode estar incolor porque isso significa que diluiu demais, forçando a função renal. Urbi et Orbi: E para quem não gosta de beber água, quais são as dicas para se manter hidratado? Regina Afonso: Quem não gosta do sabor da água, pode investir em chás, aromatizantes e infusões na água sem adoçá-la. É importante que não torne essa bebida energética. Um chá sem adoçar ou uma água aromatizada com pedaços de fruta, com folhas de hortelã, com especiarias, por exemplo, são recomendadas. A água aromatizada e as infusões podem substituir a água pura se não estiverem adoçadas. São líquidos incolores e que podem ser ingeridos para dar sabor à água. É claro que o leite, o café, a sopa e a fruta sumarenta também vão contribuir para a nossa hidratação, mas aí já estamos a falar de alimentos que devem ser controlados porque têm algumas calorias. Somando esses líquidos à água ou às infusões não calóricas, além da refeição, já vai dar um bom volume ou próximo daquilo que vai tornar a urina clara e o corpo hidratado. Urbi et Orbi: Que outros conselhos pode dar para um estudante que está numa maratona de estudos para os exames, com o nível de concentração baixo e o de ansiedade muito alto? Regina Afonso: É importante tirar os olhos dos livros e relaxar, procurar alguma diversão, por exemplo ir ao cinema ou tomar um café com os amigos. E se tiver aptidão para algo, para algum hobby, seja bordar, pintar, esquiar ou o que for, é bom praticar essas atividades. Afinal, é importante refrescar o cérebro. Urbi et Orbi: Na sua opinião, “somos o que comemos” [frase proclamada por Hipócrates, o Pai da Medicina, há mais de 2500 anos]? Regina Afonso: Sem sombra de dúvidas! Muitas pessoas comem sem ter fome porque estão preocupadas, stressadas, e o alimento é sempre um consolo, um conforto. Então, “somos o que comemos”.
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