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Covilhã palco do Salão do Livro de 2018
Florence Oliveira · quarta, 14 de novembro de 2018 · Região Salão do livro pela primeira na cidade da Covilhã, reúne escritores portugueses e brasileiros. |
Foto: Ana Luiza Oliveira |
21971 visitas O salão do Livro de 2018, organizado pela editora brasileira ZL Books, percorreu três pontos históricos da cidade da Covilhã nos dias 8, 9 e 10 de novembro. Após a sua passagem por Lisboa com a primeira parte do salão do livro e com o projecto de jovens escritores, a ZL Books, dirigida pela activista, jornalista e editora Jô Ramos, veio até à Covilhã, pela primeira vez, para juntar mais de 20 autores covilhanenses e brasileiros durante três dias. Este salão iniciou-se no Museu dos Lanifícios, no dia oito, contando com a presença da Professora Rita Salvado, da direção do museu e de Regina Gouveia, vereadora da Cultura da Câmara Municipal, que realçou os benefícios deste evento tanto para os autores, que encontram nele um espaço de diálogo, tal como para a população covilhanense que beneficía destes momentos culturais nos quais se pode envolver e participar. A directora da ZL Books aproveitou este arranque para apresentar o seu último projecto de jovens escritores que se iniciou no Brasil com alunos de escolas das periferias e que continuou numa escola de Lisboa junto a jovens descendentes de emigrantes, oriundos dos mais diversos cantos do mundo. Foi igualmente possível ouvir a co-organizadora do evento, a professora e escritora Rogélia Proença falar dos seus últimos livros e do Troféu da Literatura de 2017 atribuido pela ZL Books ao seu penúltimo livro «O avesso dos dias», na categoria de melhor livro de poesia. O primeiro dia contou com a participação do Professor da Faculdade de Artes e Letras da UBI, Paulo Osório, que veio comentar a mistura de géneros de escrita da última obra de Rogélia Proença «Fragmentos», assim como da enfermeira Fátima Quelhas, que veio falar sobre o seu livro « O envelhecimento Humano, aprender a viver com a idade», realidade com a qual convive diariamente no Centro Hospitalar Cova da Beira. Desde o outro lado do oceano Atlântico, Beatriz Helena Ramos do Amaral veio conhecer a cidade natal de um amigo de longa data, Ernesto de Melo e Castro, e aproveitou para falar da sua paixão pela poesia e pelo seu estudo, que a levou a escrever «A Transmutação metalinguística na poética de Edgard Braga» e ainda o seu mais recente livro de poesias «Peixe Papiro». Procuradora de Justiça e poeta, Beatriz Ramos do Amaral também tem outra formação: o estudo da música. Foi desta faceta que surgiu o seu livro mais conhecido, «Cassia Eller: canção na voz do fogo». Antes de encerrar o primeiro dia do Salão com a poetisa lisboeta Rita Pea que apresentou, com muito humor, o seu mais recente livro «O espelho da Medusa», contou-se com a surpresa da Beatriz Rodrigues, autora de «As Aventuras de Jéssica», livro que relata a história de uma jovem adolescente. Aos 11 anos de idade, Beatriz já tem o seu futuro traçado: quer ser escritora e o seu próximo livro vai ser de poesia. Foi o Museu de Arte Sacra que acolheu o segundo dia do Salão do Livro com uma predominância de autores e poetas da região da Beira Interior. Anabela Pereira Ascensão Baptista, autora de «Confidências» e «Poema do Coração», juntamente com Cidália Saraiva, que escreveu «19 memórias» e «Melodia da Alma», aproveitaram a manhã de sexta-feira e do espaço em que se encontravam para falar sobre fé. À tarde, o evento retomou com a autora brasileira Maria Inez Masaro Alves, que desde cedo esteve em contacto com a literatura através da amizade entre sua mãe e a poetisa brasileira Cora Coralina. É autora de memórias, com a série de contos «Pulseira de Berloques», e do passado histórico de Serra Negra com «Antologia Serra Negra» e «Sob a Proteção da Senhora do Rosario», livro que foi premiado com o Troféu da Literatura 2018 pela ZL Books na categoria de melhor livro de pesquisa. Para continuar uma tarde de poesia, Ana Catarina Pereira, professora de Cinema na Faculdade de Artes e Letras da UBI, projectou a curta metragem de João César Monteiro intitulada « Sophia », que valoriza a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen. Assim, depois de se ter falado da vencedora do Prémio Camões de 1999, apresentou-se a poetisa covilhanense, Anabela Silvestre, que por sua vez irá receber o Troféu da Literatura 2019 na categoria de melhor livro de poesia, também pela ZL Books, em janeiro no Copacabana Palace, pelo seu penúltimo livro «Além do Tempo». Anabela encontra inspiração na própria poesia, na cidade da Covilhã e na natureza. Ainda realça que «poesia também significa música» e foi por isso que decidiu projectar alguns dos seus poemas, interpretados musicalmente pelo cantor Antonio Duarte, irmão da professora e autora de contos infantis Teresa Reis. Esta última, também estava presente neste segundo dia do salão para falar dos seus projetos infanto-juvenis tal como «Maria Covilhã» e «Mistérios da Serra da Estrela». O segundo dia do Salão do Livro terminou com as apresentações de dois poetas covilhanenses: Antonio José da Silva, representante regional da Chiado Editora, e José Macedo, para o qual o poema «é a forma mais rápida para exprimir os nossos sentimentos». Para continuar e encerrar o evento, foi na antiga Biblioteca Gulbenkian, onde hoje é o espaço da Banda da Covilhã, que as trocas culturais e literárias se deram, no dia 10 de novembro. Iniciou-se a manhã com «Naná» Gonçalves que falou sobre a sua poesia e declamou algumas obras. Em seguida foi a vez das escritoras dos livros infanto-juvenis com «Pipa e o Amor» e «Pipa e o médico» da enfermeira Cátia Ladeira, também premiada pela ZL Books para o Troféu de Literatura 2019, e Célia Bonifácio com «Há pegadas no arco-íris» e a série «Chuva de Papel», que aborda temas como a desertificação do interior do país e de valores natalícios. Na parte da tarde, foi Ivo Rocha da Silva que veio falar não só da história da cidade da Covilhã como também da doença de Alzheimer, ambos temas que aborda no seu mais recente livro, «Caderno das Nossas Memórias». Para aqueles que não se encontravam no primeiro dia do evento, as escritoras Rogélia Proença, Jô Ramos e Beatriz Ramos do Amaral, voltaram a falar sobre os seus processos criativos antes de deixar a palavra ao último orador do dia, João Morgado. João Morgado falou brevemente dos seus dois romances «O pássaro dos sonhos» e «O céu do mar» assim como aproveitou para referir o lançamento, em breve, da sua mais recente obra «Livro do Império», que fará referência a Luís de Camões. Ainda antes do encerramento do Salão do Livro de 2018, com um ensaio aberto da Banda da Covilhã , abriu-se um espaço de discussão onde se falou da importância do papel do professor e das bibliotecas no processo de aquisição de gosto pela leitura. O Salão do Livro de 2018 foi marcado pelas conversas sobre as dificuldades das pequenas editoras na distribuição dos livros assim como sobre o gosto pela leitura. Para além do diálogo entre os autores foi fortemente notada a ausência da participação cidadã neste evento, que ficou aquém do esperado. |
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