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'Conversas atrevidas' promovem protesto para o Dia Internacional da Mulher
J. Machado dos Santos · quarta, 6 de mar?o de 2019 · Cultura 'Este ano já morreram oito mulheres vítimas de violência', foi uma das frases de abertura do evento “Conversas Atrevidas” que decorreu no dia 23 de fevereiro no Teatro das Beiras. |
Em palco: Maria Contreras, Márcia Luz, Merícia Passos, Teresa Silvestre e Carmo Povoas |
21960 visitas A tertúlia, promovida pelo núcleo 8 de Março da Cova da Beira, teve como objetivo sensibilizar para as questões de violência e desigualdade sofridas pelas mulheres. Através de partilhas pessoais das quatro intervenientes (Maria Contreras, Teresa Silvestre, Márcia Luz e Carmo Povoas), foi aberta a discussão moderada por Merícia Passos e Elisa Bogalheiro do núcleo 8M. Em foco estiveram as quatro vertentes do protesto organizado pela Rede Nacional 8 de Março para o Dia Internacional da Mulher. Convidando as mulheres a pendurar o avental à janela, a organização pede greve laboral, greve estudantil, greve ao consumo e greve ao trabalho doméstico para assinalar a data com ações de luta e mostrar a importância do papel do sexo feminino na sociedade. Para além da greve nas quatro vertentes referidas, o núcleo 8M da Cova da Beira irá organizar uma mobilização em marcha lenta, desde o Fundão até à Câmara Municipal da Covilhã. Os eventos coordenados pela rede 8 de Março diferem de núcleo para núcleo, mas o movimento será nacional, garante a organização. Segundo Elisa Bogalheiro, uma das organizadoras, as habituais celebrações que envolvem jantares, flores e outras vertentes consumistas são uma má interpretação do que o dia representa: “O 8 de Março assinala-se porque existe uma luta que está em progresso. Já se avançou muito, e é preciso ter isso em conta, mas ainda não temos as mesmas condições, o mesmo salário, ainda trabalhamos mais. Estaria tudo bem [com o cariz consumista do dia] se não se pervertesse o sentido, a origem, e porque é necessário ainda hoje assinalar este dia.” A moderadora da discussão, Merícia Passos, reitera que as celebrações não estão no lado oposto da luta pela igualdade, mas que é preciso não esquecer esta segunda: “As mulheres fazem os deveres de casa à pressa, e à pressa vão jantar fora com as amigas, nem se lembram das dificuldades que têm precisamente por serem mulheres e das desigualdades que ainda existem.” Estas “Conversas Atrevidas” fazem parte de um conjunto de eventos que incluem sessões de cinema na Covilhã e Fundão e reuniões abertas de preparação para a greve de dia 8 de março. Cátia Cardoso que esteve na audiência deste dia 23, salienta a importância de espaços para falar abertamente destas questões e garante que vai continuar a acompanhar as reuniões: “Estas conversas são importantes em qualquer região, quer de Portugal, quer do mundo. Tendo em conta o número de mulheres que já morreu este ano vítima de violência doméstica, é mesmo muito importante que mulheres e homens se reúnam para poderem conversar e debater o que é que nós podemos fazer para ajudar a mudar as nossas visões.” A rede 8 de Março tem origem na organização da Marcha pelo Fim das Violências contra as Mulheres, realizada em 25 de Novembro de 2011. Com núcleos espalhados pelo País, engloba várias associações feministas, assim como causas LGBT, antirracistas, e de defesa de direitos de imigrantes. |
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