A conferência realizada no pólo das Ciências Sociais e Humanas, na passada quarta-feira, sobre “Orientação sexual e identidade de género” contou com a presença das oradoras Diana Ferreira e Sara Oliveira, que representaram a Rede Ex Aequo.
Os assuntos abordados na palestra foram variados, desde a homossexualidade ao preconceito. Nesta última questão as oradoras convidadas realçaram que «as pessoas que têm menos preconceito são aquelas que contactam directamente com LGBT e percebem que são pessoas normais.» Em relação à adopção, as oradoras defenderam que “não é a homossexualidade que está em causa, mas sim outras condições. E com a adopção seria estabelecida a igualdade de direito em relação aos heterossexuais.” Foi também mencionada a questão dos LGBT não poderem dar sangue, uma decisão que varia de instituição para instituição. Sobre a famosa expressão “sair do armário” que significa assumir-se, primeiro para si depois para os outros, as intervenientes defenderam que “não é necessário assumir em público, desde que se saiba lidar com a situação, o que varia de indivíduo para indivíduo.”
Fabiana Vicente, uma das três alunas envolvidas no projecto, declara que «a palestra foi pertinente e esclarecedora para o nosso trabalho. Para além de divulgar o nosso projecto estamos também a mostrar o que a própria sociedade impõe aos homossexuais. A boa interacção com os membros da Rede Ex Aequo fez com que o convite surgisse.»
A Rede Ex Aequo é uma associação nacional dirigida a jovens, que tem como objectivo trabalhar no apoio de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes (LGBT ‘s), entre os 16 e 30 anos. Foi fundada em Abril de 2003, com o intuito de trabalhar a favor da juventude LGBT em Portugal. É uma associação inscrita no Registo Nacional de Acções Juvenis (RNAJ) e recebe apoio do Instituto Português da Juventude.
O objectivo deste género de palestras, iniciativa mais frequente junto da população do 3º ciclo e Ensino Secundário, é “quebrar o isolamento” e o seu principal propósito é “chegar aos jovens principalmente entre os 15 e 16 anos”, pois “quanto mais novos são mais fácil é a aceitação, porque querem sempre saber mais”.
Diana Ferreira, membro e oradora da rede ex aequo, afirma que “durante muitos séculos foi um tema tabu, e é preciso destruir todos os estereótipos criados. O objectivo destas palestras é dar visibilidade a estas questões e acabar com a homofobia.” Os principais objectivos desta associação são: “reivindicar a não discriminação e integração na sociedade os jovens LGBT, assim como o reconhecimento das suas necessidades, particularidades e especificidades; desenvolver e implementar estratégias e acções de intervenção a nível científico e politico referentes à juventude e à educação no âmbito da temática LGBT; criar e fomentar ainda o desenvolvimento de grupos locais de convívio, de apoio e de trabalho para jovens LGBT e simpatizantes”.
A Rede Ex Aequo conta actualmente com oito grupos locais de jovens que pretendem ser um espaço de apoio, a trabalhar em Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Lisboa, Porto e Viseu. Já existiu um grupo na Covilhã, que acabou por fechar meses depois devido a falta de pessoas. Os interessados em inscreverem-se na associação podem fazê-lo no site da rede ex aequo.
No site podemos encontrar também um fórum virtual de jovens LGBT e simpatizantes onde se podem conhecer mais informações e falar com os jovens de todo o pais, que conta com 8000 membros registados.O site fornece ainda diversas perguntas e respostas, as mais frequentes, sobre orientação sexual e identidade de género. O site possui ainda psicólogos recomendados para que possam ajudar pessoas a quebrar o isolamento no próprio fórum. Quando os casos são muito graves, a rede ex aequo encaminha os indivíduos para psicoterapeutas profissionais.
Catarina Oliveira, professora do departamento de Sociologia explica que «é uma questão que ainda não é fácil, existe alguma descriminação que se consegue, sentir mesmo nas próprias perguntas colocadas, as pessoas ainda não estão muito esclarecidas sobre o assunto.» Projectos para o futuro estão em desenvolvimento: uma rádio virtual de temática LGBT, organização de uma conferência internacional de jovens LGBT em Lisboa, uma campanha digital contra o preconceito, para além de melhorias no site oficial da rede ex aequo, que é uma das grandes prioridades desta associação. A palestra foi aberta a toda a comunidade da UBI, e terminou com um debate onde as convidadas esclareceram as dúvidas de todos os presentes.