A entrada foi gratuita e o espectáculo multifacetado. Alguns minutos de dança, música, poesia e silêncios ofegantes, quase esgotaram os trunfos da arte. Actualidade e intemporalidade juntam-se para falar de temas como a crise, a luta, as guerras, a fome, a miséria e sobretudo as relações humanas.
A mensagem não é clara, tal como referiu Rui Pires, criador, director e cenógrafo “espero que a peça tenha várias mensagens”, “o tipo de teatro que fazemos transmite imagens e sensações que o telespectador interpreta segundo as suas vivências, alegrias e tristezas, segundo aquilo que a sociedade lhe dá.”
O mote da obra teatral foi a vida e poesia de Florbela Espanca. “Tivemos acesso ao diário que ela escreveu antes de se suicidar e através dessa mistura de desejos, sentimentos e emoções tentámos passar visualmente aquilo que ela escreveu." A vida amorosa polémica da autora de Livro de Mágoas foi também um ponto de referência perfeitamente ajustado à realidade imutável, a que Rui Pires quis fazer alusão.
E se antes o teatro era feito com alguma rigidez e objectividade, hoje transporta para o mundo abstracto de cada um. “Antigamente o teatro serviu para intervenção política, e hoje em dia serve para passar mensagens, ideias, e abraçar causas”.
Esta peça foi a última do 15º Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior, que reuniu um total de dez peças levadas à cena entre os dias 17 e 27 de Março. O evento teve o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, BPI, INATEL, Covilhã município, Instituto Português da Juventude e Rádio Covilhã.