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Samora Correia: tradição começa a desaparecer
· quarta, 28 de dezembro de 2011 · Continuado Cumpriu-se mais uma vez a tradição da cidade com a habitual Queima da Fogueira junto à Igreja Matriz de Samora e a celebração da missa de véspera de Natal. Em tempos de crise, esfumam-se as memórias do tempo de festa. |
21995 visitas As comemorações da noite de 24 de Dezembro estão a perder a agitação de outros tempos. Na Praça da República, vulgo Largo da igreja, o número de presentes foi bastante ao de anos anteriores. “Era uma noite com bem mais vida do que agora”, diz Deonilde Guilherme. “Quando era mais nova, havia o costume das mulheres se aperaltarem um pouco mais neste dia para a missa, porque depois ficávamos ao pé da fogueira noite dentro”, acrescentou. Situada em pleno coração ribatejano, Samora Correia é uma pequena freguesia do concelho de Benavente, no distrito de Santarém. Elevada a cidade em 2009, tem a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira e o Palácio do Infantado como principais cartões-de-visita. Quer seja por uma questão meramente de conflito geracional ou até mesmo pela grave crise que assola as famílias portuguesas, os hábitos estão a mudar. E, é algo que já se vem notando há uns anos. Quem mais vive esta mudança é a população mais antiga da cidade, que sempre recordou a noite como sendo umas das “mais aguardadas do ano”. As palavras são de Catarina Morais, que recorda o tempo em que era “jovem e esperava pelo final da missa para ir até ao Largo partilhar comes e bebes”. No corrente ano, afirmou já não ter o fulgor nem vontade de há “20 anos” e que depois da missa vai logo para casa. Pertencendo a uma geração diferente, Ana Morais recorda o dia como sendo diferente na sua infância e partilha da opinião da tia. Nascida e criada em Samora, recorda nostalgicamente o tempo em que participou como figurante num presépio humano. “O dia 24 era todo ele diferente, e não só à noite com a Missa do Galo, mas também com mais atividades que envolviam a população durante o dia”, relembra. “Agora já não existem essas atividades, o que é uma pena. A malta mais nova dá mais importância à semana das festas em Agosto do que à missa”, acabou por dizer. Este afastamento da população tem a ver com o afastamento “que vai aumentando entre a geração atual e a Igreja”. Pedro Guilherme, apesar de ter estado no Largo, diz não estar presente para celebrar o “nascimento de Jesus”, mas sim “para tentar dinamizar esta noite que, quer queira ou não, faz parte da tradição da terra.” |
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