Por Eduardo Alves


No seu XIX aniversário, a UBI desenhou as linhas futuras

Para quem esperava apenas mais um dia normal de comemorações, a data que assinala os 19 anos de Universidade, na Covilhã, foi bastante diferente. Um dia em cheio para a UBI, onde marcou presença Filipe Baptista, secretário de Estado adjunto do Primeiro-Ministro.
Logo após o tradicional cortejo dos docentes, o Reitor da instituição apresentou o seu discurso. Manuel Santos Silva foi, este ano, bastante reivindicativo. Ainda que o carácter da missiva não fizesse transparecer esta característica. Num tom algo histórico, onde começou por catalogar a UBI como “o principal motor de progresso desta zona interior do País”, Santos Silva não deixou de lembrar ao representante do Governo que “é necessário fazer um enquadramento do Ensino Superior numa estratégia global de formação e educação integral dos cidadãos”, uma rede que, segundo o Reitor da UBI vai “desde o Pré-escolar até ao Superior”. Desta forma, e para que as Universidades possam dar uma resposta à altura, Santos Silva sublinhou ainda a importância da autonomia das instituições ser aprofundada, “de forma serem desenvolvidos mecanismos de regulação e responsabilização, com as definições dos objectivos a atingir”.
O mais elevado patamar na escala do ensino “está na região há 30 anos”. Desde então, “muitas têm sido as mudanças operadas nesta zona, como neste mesmo sistema de ensino”, disse Santos Silva, lembrando neste discurso de aniversário que está prestes a ser dado um dos mais importantes passos no Ensino Superior europeu. O Processo de Bolonha “vai ser uma das reformas mais marcantes das Universidades e de tudo o que gira em torno destas”. Daí que “a atribuição e distribuição do financiamento tenha de ser repensada”, avisa. O reitor da UBI lembrou ainda o secretário de Estado que “nos últimos anos, a UBI tem sido penalizada, em relação a outras instituições, na distribuição do bolo financeiro”. Santos Silva chegou mesmo a pedir a Filipe Baptista para alertar o Governo no sentido da UBI ser mais beneficiada. Um alerta que não se ficou pelas palavras. Santos Silva apresentou as contas que fazem o balanço da instituição. No orçamento de Estado que está previsto transferir para a UBI em 2005, (20.070.270 euros) a verba é inferior à de 2003 (20.240.270 euros). Perante este facto, o reitor da UBI refere que “é necessário retomar o cálculo do financiamento das instituições através de uma forma clara e simples, onde se possam discriminar instituições pela positiva e perante objectivos bem definidos”.




Um futuro marcado pelo crescimento

“Iremos prosseguir com a nossa estratégia de desenvolvimento de novas metodologias pedagógicas, com a aprendizagem centrada no aluno, com o acompanhamento tutorial e com iniciativas de pesquisa e de experimentação que permitam aos estudantes adquirir conhecimentos, competências, atitudes, e despertá-los para a inovação, investigação e empreendedorismo, de modo a responsabilizá-los cada vez mais e a prepará-los para uma aprendizagem ao longo da vida”, foi com esta palavras que Santos Silva desenhou os passos futuros da UBI. A ajuda dos docentes e funcionários, tal como “a da Associação Académica e dos Núcleos das diferentes licenciaturas”, a quem o Reitor da UBI dirigiu uma referência especial, “têm ajudado a dinamizar e prestigiar a Universidade”, reiterou. Este crescimento centrado no aluno “requer investimentos no equipamento de Unidades, na construção de novas infra-estruturas, como é o caso da ampliação do pólo do Ernesto Cruz, e na acção social».
Neste último ponto, o do apoio financeiro ao aluno, Santos Silva recordou uma proposta avançada há algum tempo junto do Conselho de Reitores. Segundo o reitor da UBI “deveria ser estabelecido um subsídio de instalação, para os alunos mais carenciados do primeiro ano, que permitisse a sua sobrevivência até receberem a prestação da bolsa”. Desta forma, e olhando a todas as metas traçadas, “a uma afirmação pela qualidade e pela diferença, a UBI vai construir um futuro melhor”, adianta Santos Silva.
Quem também parece ir ao encontro das palavras do reitor da UBI é Nuno Costa, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Para o dirigente estudantil, o Ensino Superior na Covilhã e na região Centro “tem sido o motor da economia e do crescimento populacional desta área”. Daí que “faça todo o sentido um investimento discriminadamente positivo para a UBI”. Um dos pontos em que Nuno Costa foi mais apelativo é o da acção social. Para o presidente da associação académica, “o apoio financeiro aos alunos tem de ser maior”, até porque “o estudante não pode ser o responsável financeiro pela sua educação universitária”.Costa lembrou ainda o representante do Governo “das más políticas educativas que têm pautado todos os executivos, de há uns anos para cá”. Uma característica “que tem forçosamente de mudar, se quisermos um Portugal competitivo”, acrescentou o líder estudantil.
Foi já depois da inauguração do novo pólo do Museu dos Lanifícios e do Centro de Interpretação dos Lanifícios que Filipe Baptista, secretário de Estado adjunto, falou. Este representante do Governo referiu que no dia de aniversário da UBI, não era intenção do Executivo “em funções há pouco mais de um mês”, trazer um grande presente à UBI. O secretário de Estado gostou do que viu, fez suas as palavras do Reitor da instituição e deixou a promessa de ir rever as políticas de apoios à instituição e ao Superior em geral. Este representante do Estado lembrou ainda que “o Processo de Bolonha é grande desafio, que comporta investimento na mesma proporção, mas que o País está em contenção”. Contudo, Filipe Batista adiantou ainda que “no espaço de um mês já desbloqueamos diversas situações e começamos a dar os primeiros passos” do tão apregoado «choque tecnológico».



Museu com peças e objectivos singulares

A caldeira e geradora de electricidade "De Nayer" é uma peça única

A Real Fábrica Veiga encostada à ribeira da DaGoldra está, de novo, a funcionar. Agora as grandes salas já não ecoam o barulho dos teares, das caldeiras e dos operários que davam forma aos panos, produto que rotulou a cidade neve de “Manchester portuguesa”. Antes pelo contrário, agora os enormes pavilhões, recuperados pelo arquitecto Bartolomeu da Costa Cabral albergam um museu “único na Europa”, adianta a responsável pela estrutura, Elisa Calado Pinheiro.
Com as principais valências em funcionamento, este museu “apenas está a funcionar aos dias de semana, entre as 9 e as 17 horas”. Depois da fase de montagem e recuperação de máquinas, documentos e outras peças estar terminada, “talvez daqui a um ano” este novo pólo do Museu dos Lanifícios passa a funcionar com os horários vinculativos a todas as estruturas do género. Este museu, para além de albergar peças únicas, como uma caldeira geradora de electricidade, da marca “De Nayer”, é também a casa do Centro de Interpretação dos Lanifícios, uma estrutura que junta o núcleo museológico da industrialização e o centro de documentação e arquivo histórico. Este novo museu, com cerca de 7 mil e 300 metros quadrados ficou orçado em 4 milhões de euros.