| A oferta de pequenos ruminantes, 
                      na Beira Interior, é elevada porque há dificuldade 
                      em alimentar gado e muitos produtores têm de vender 
                      os seus animais para realizar dinheiro, para superar as 
                      despesas acrescidas com compra de rações e 
                      palha. É esta a conclusão do terceiro relatório 
                      sobre a seca em Portugal, realizado pelo Instituto da Água 
                      (INAG) entre 1 e 15 deste mês, que revela que o território 
                      da Beira Interior está ainda em situação 
                      de seca severa, o que está a provocar alguns problemas, 
                      em especial na agricultura. Aqui, os produtores tentam vender 
                      o gado a preços mais apetecíveis, para superar 
                      as dificuldades, mas o processo de comercialização 
                      não está a ser fácil devido “às 
                      restrições impostas pelo combate à 
                      doença da língua azul”. Recorde-se que 
                      na região alguns leilões de gado estão 
                      mesmo suspensos. Os concelhos que integram a Beira Interior fazem parte dos 
                      28 por cento do território que está em situação 
                      de seca severa. O restante tem 23 por cento de seca moderada, 
                      e cinco por cento de seca fraca, mas 44 por cento em situação 
                      de seca extrema, com a maior parte dos concelhos nesta situação 
                      a estarem situados no Algarve e Alentejo. Na Região 
                      Centro, segundo o INAG, apesar de ter chovido, os níveis 
                      de chuva ficaram abaixo do habitual, verificando-se que 
                      “os valores observados no corrente ano hidrológico 
                      se situam significativamente inferiores à média 
                      mensal dos anos anteriores”. Os dados disponíveis 
                      para a região não apontam para a existência 
                      de problemas de poluição das origens de água 
                      causados pela seca.
 No que diz respeito ao abastecimento público de água, 
                      o relatório aponta para que alguns municípios 
                      do Interior tenham que recorrer a autotanques. Isso acontece 
                      numa freguesia de Celorico da Beira (Vale de Azares), com 
                      5,1 por cento da população afectada, no concelho 
                      da Guarda, em Penedo da Sé, no Sabugal, nas freguesias 
                      de Arrifana e Forcalhos, e em Almeida, nas freguesias de 
                      Azinhal, Mesquitela e Montepero. Houve, no território 
                      nacional, cortes ou reduções nos períodos 
                      de abastecimento em alguns concelhos, como a Sertã 
                      e pontos de água afectados pelo combate a incêndios 
                      florestais. Isso acontece em Celorico da Beira, Oleiros, 
                      Penamacor e Vila de Rei.
 Recorrer a mais rações industriais Ainda no que toca à agricultura, grande parte 
                        das searas da Beira Interior, destinadas à produção 
                        de grão, já foram desviadas para forragem. 
                        Os prados, pastagens e culturas forrageiras, que constituem 
                        habitualmente a base de alimentação da pecuária, 
                        continuam a desenvolver-se com dificuldade devido à 
                        escassez de humidade no solo, obrigando os produtores 
                        à sua substituição pelo feno armazenado, 
                        que se destinava a ser utilizado nos meses de Junho e 
                        Julho, e ao recurso a maior quantidade de rações 
                        industriais. A falta de alternativas para a alimentação 
                        animal, segundo o relatório, tem obrigado os agricultores 
                        da Beira Interior à utilização de 
                        culturas forrageiras numa fase de desenvolvimento precoce, 
                        impossibilitando assim a sua máxima rentabilização. 
                        A baixa de produtividade verifica-se na cevada, aveia, 
                        centeio, trigo mole, milho de sequeiro, grão de 
                        bico e na batata de regadio e sequeiro, e apenas a cereja 
                        consegue escapar a estas baixas. Na Cova da Beira, o Regadio, 
                        segundo o Inag, deverá assegurar as necessidades 
                        de rega e abastecimento público de água, 
                        embora seja preciso “um controlo rigoroso dos caudais 
                        fornecidos e das dotações dadas aos regantes, 
                        não se prevendo uma redução significativa 
                        da área a regar, relativamente ao ano anterior”. 
                        Em Idanha-a-Nova, as áreas inscritas para rega 
                        sofreram uma pequena redução de 9,2 por 
                        cento, relativamente a 2004. |