A Bagagem do Viajante
De José Saramago
As mais importantes heranças de um povo são as suas memórias. As raízes, o começo, as suas origens constituem um legado de valor incalculável para qualquer comunidade. Uma das formas mais eficazes de perpetuar essas memórias e as riquezas patrimoniais é através da escrita.
Os escritos constituem suportes de memória para tudo aquilo que tenha interesse na construção da vida comum dos cidadãos. E é precisamente essa vida comum, esse colectivo vivencial que se reflecte nas crónicas. Outrora estilo jornalístico primordial e com merecido destaque, hoje empregue de quando em vez e nem sempre da melhor forma.
José Saramago, Prémio Nobel da Literatura 1998, escreveu várias crónicas para o diário A Capital (1969) e para o semanário Jornal do Fundão (1971-1972). Episódios maiores que saíram das mãos de Saramago e que relatam um dos mais importantes períodos da história de Portugal. Através das várias crónicas que Saramago acabou por juntar em livro, este escritor traça as linhas de um quotidiano luso que se regia pela batuta da ditadura.
As lutas, as aspirações de um povo oprimido e, sobretudo, o desejo de liberdade de expressão, estão bem patentes nesta obra que dá pelo nome de “A Bagagem do Viajante”. Saramago e tantos outros que preencheram assim uma página importantíssima da história de todos nós.