“As soluções
só existem por detrás da ciência”.
Foi deste modo que Manuel Collares Pereira, professor
catedrático da Universidade Técnica de Lisboa,
cientista e engenheiro iniciou a conferência sobre
ciência, realizada no pólo das Engenharias
da UBI na passada segunda-feira, 27.
O objectivo crucial desta iniciativa, segundo fontes do
Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI,
é “comunicar novos conhecimentos, transmiti-los
e transformar em ideias novas, novos produtos e serviços”.
Manuel Collares começou por questionar a maneira
como actualmente se trata a natureza e apelou para um
consumo sustentável de energia pois “já
gastámos metade do que havia para gastar”.
Numa altura em que a China e a Índia pressionam
a procura de energia e esta se torna cada vez mais cara,
“temos que perceber que todas as acções
individuais tem impacto sobre a natureza”.
Foi ainda discutido o aumento da temperatura media nos
últimos cem anos e a “evolução
ou regressão” da constituição
do ar à 150 mil anos. O facto é que em tempos
remotos a quantidade de dióxido de carbono no ar
era diminuta, segundo o professor catedrático “nós
somos os criminosos que colocam na atmosfera o dióxido
de carbono”, “a natureza sem nós é
equilibrada” realça.
Os Estados Unidos da América são considerados
o maior produtor de energia e também os que provocam
mais impactos ambientais, seguidos do Canadá, Austrália,
Nova Zelândia, que ocupam as segundas posições,
em terceiro o Japão, sendo que a Europa dos 15
aparece em quinto lugar na tabela.
“O planeta vai mudar no prazo de cem anos”
garante Manuel Pereira que aponta como principais causas
o crescimento demográfico acelerado, o aquecimento
global e o consumo não sustentado de energia.
Este docente apresentou no final da conferência
um exemplo simplista face ao consumo de energia, “o
bife”. “Uma coisa tão simples como
a carne tem implicações na energia e na
atmosfera absolutamente brutais”, “são
precisos 200 milhões de hectares para a produção
de carne enquanto a produção de cereais
necessita apenas de 16 milhões”.
A sessão terminou com uma chamada de atenção
“ser feliz não pode ser sinónimo de
consumo compulsivo ou abuso de energia, precisamos de
novos valores e paradigmas” alerta Manuel Pereira.
“Energia e Ambiente num mundo com muita gente”
foi o primeiro tema a ser discutido no 2.º ciclo
de conferências “Despertar para a Ciência”,
sendo que estão já agendadas mais três
temas: “Os desastres de Sofia e as estruturas do
acaso”, dia 10 de Novembro, “Manipulação
Genética – medos e esperanças”,
dia 7 de Dezembro e Tempo – Do Big Bang às
descobertas, do fuso horário à Internet,
dia 11 de Janeiro. |