Conferências "Despertar para a Ciência" 2005/06
Energia e ambiente
num mundo com muita gente

O consumo de energia e o resultado na poluição atmosférica, o estranho caso do efeito estufa, a evolução da temperatura e como era o ar à 150 mil anos foram algumas das temáticas abordadas na conferência de Manuel Collares.


Por Anabela Oliveira

As questões relacionadas com o consumo de energia estiveram em discussão na palestra

“As soluções só existem por detrás da ciência”. Foi deste modo que Manuel Collares Pereira, professor catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, cientista e engenheiro iniciou a conferência sobre ciência, realizada no pólo das Engenharias da UBI na passada segunda-feira, 27.
O objectivo crucial desta iniciativa, segundo fontes do Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI, é “comunicar novos conhecimentos, transmiti-los e transformar em ideias novas, novos produtos e serviços”.
Manuel Collares começou por questionar a maneira como actualmente se trata a natureza e apelou para um consumo sustentável de energia pois “já gastámos metade do que havia para gastar”. Numa altura em que a China e a Índia pressionam a procura de energia e esta se torna cada vez mais cara, “temos que perceber que todas as acções individuais tem impacto sobre a natureza”.
Foi ainda discutido o aumento da temperatura media nos últimos cem anos e a “evolução ou regressão” da constituição do ar à 150 mil anos. O facto é que em tempos remotos a quantidade de dióxido de carbono no ar era diminuta, segundo o professor catedrático “nós somos os criminosos que colocam na atmosfera o dióxido de carbono”, “a natureza sem nós é equilibrada” realça.
Os Estados Unidos da América são considerados o maior produtor de energia e também os que provocam mais impactos ambientais, seguidos do Canadá, Austrália, Nova Zelândia, que ocupam as segundas posições, em terceiro o Japão, sendo que a Europa dos 15 aparece em quinto lugar na tabela.
“O planeta vai mudar no prazo de cem anos” garante Manuel Pereira que aponta como principais causas o crescimento demográfico acelerado, o aquecimento global e o consumo não sustentado de energia.
Este docente apresentou no final da conferência um exemplo simplista face ao consumo de energia, “o bife”. “Uma coisa tão simples como a carne tem implicações na energia e na atmosfera absolutamente brutais”, “são precisos 200 milhões de hectares para a produção de carne enquanto a produção de cereais necessita apenas de 16 milhões”.
A sessão terminou com uma chamada de atenção “ser feliz não pode ser sinónimo de consumo compulsivo ou abuso de energia, precisamos de novos valores e paradigmas” alerta Manuel Pereira.
“Energia e Ambiente num mundo com muita gente” foi o primeiro tema a ser discutido no 2.º ciclo de conferências “Despertar para a Ciência”, sendo que estão já agendadas mais três temas: “Os desastres de Sofia e as estruturas do acaso”, dia 10 de Novembro, “Manipulação Genética – medos e esperanças”, dia 7 de Dezembro e Tempo – Do Big Bang às descobertas, do fuso horário à Internet, dia 11 de Janeiro.