DRABI deslocalizada
Agricultores da Beira Interior vão passar a tratar dos seus problemas em Coimbra

A Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) pode ser extinta pelo Governo, que pretende centralizar os serviços em Coimbra. Uma medida criticada pelos responsáveis locais do PSD que acusam José Sócrates de estar a esvaziar o Interior de serviços importantes.

NC / Urbi et Orbi

A DRABI pode vir a ser extinta e os serviços deslocalizados para Coimbra

Desagrado. Consternação. São estes os sentimentos revelados pela Comissão Política Distrital do PSD, que diz ter tido recentemente conhecimento de que o actual Governo se prepara para “desferir mais uma farpa no Interior”, com a extinção da “única direcção-geral” no distrito: a Direcção Regional da Beira Interior (DRABI).
Os “laranjas” denunciam que a DRABI poderá ser colocada sob a dependência da Direcção Regional da Beira Litoral, e lamentam o facto de o Interior, de forma “gradual mas acelerada”, estar a ser “esvaziado” das poucas regalias que “arduamente tinha conquistado ao longo de décadas”. Para o PSD distrital, fica “definitivamente claro que a alegada defesa do Interior não passou de mais um golpe de ilusionismo político para obter o apoio das populações do Interior”. Os social-democratas classificam esta medida de “injusta”, com “graves consequências” para o futuro da agricultura e da pecuária em todo o Interior, podendo mesmo por em causa a consecução dos projectos em curso na região”.
A distrital do PSD salienta que encerrar agora a DRABI e lançar os seus funcionários no quadro de excedentes constitui “um grave retrocesso no processo de descentralização administrativa do País”. E fará com que se voltem a colocar “os agricultores e produtores da Beira a centenas de quilómetros dos órgãos que têm por competência decidir as suas questões e resolver os seus problemas”. Caso seja criada a Direcção Geral de Agricultura do Centro, o PSD defende que ela não deve ter sede em Coimbra, que fica num “Litoral progressivamente mais rico e poderoso, sempre em detrimento de um Interior cada vez mais pobre e como nunca abandonado pelos poderes políticos”. O distrito, diz o partido, sofre um acelerado processo de desertificação e tem uma agricultura e pecuária que necessitam de maior intervenção do Estado para ir reduzindo as assimetrias em relação ao Litoral. Daí que o PSD defenda que a sede do novo departamento a surgir seja “forçosamente instalado no Interior”, mantendo-se no distrito de Castelo Branco.
A distrital do PSD lança assim um “forte e enérgico” apelo a todas as forças do Interior (desde autarcas, empresários e dirigentes associativos), para que se unam na “contestação e luta contra esta medida gravemente atentatória dos mais elementares ditames da descentralização administrativa”.

Mais de 500 postos de trabalho em risco

A distrital do PSD mostra-se ainda preocupada com a manutenção dos postos de trabalho na própria DRABI, pois assiste-se todos os dias, no Interior, “ao encerramento de empresas e ao lançamento no desemprego de centenas de trabalhadores”. Os “laranjas” perguntam “como é que os actuais poderes públicos podem, de um momento para o outro, extinguir mais de 500 postos de trabalho, para os pretender recriar no Litoral onde há muito mais oportunidades e superior qualidade de vida? Será que é assim que o Governo cumpre a promessa eleitoral da criação de 150 mil postos de trabalho” perguntam.
Esta fundição das duas direcções regionais numa só, até ao Verão de 2006, já tinha sido admitida, há pouco tempo, pelo Director Regional da DRABI, Rui Moreira, embora desconhecesse se o órgão ficaria sedeado ou não em Coimbra.