Os bairros sociais do Tortosendo e do Teixoso ganharam duas lojas sociais
No Teixoso e no Tortosendo
Mais carenciados ganham lojas de apoio social

Foram inauguradas no Teixoso e Tortosendo duas lojas sociais. Destinadas a acolher material usado, por parte de pessoas ou empresas que já não o necessitem, as lojas irão depois fazê-lo chegar a famílias carenciadas. Uma ideia que poderá estender-se a outras freguesias.


NC/Urbi et Orbi


São duas, mas podem vir a ser mais, em todo o concelho. As freguesias de Teixoso e Tortosendo têm, desde a passada terça-feira, 25, duas lojas sociais que foram inauguradas pela Câmara Municipal da Covilhã, no âmbito das Comemorações do 25 de Abril.
O objectivo destas infra-estruturas é o de prestar apoio à população, com estas duas lojas a entregarem aos mais carenciados bem recolhidos, quer junto de particulares, quer junto de algumas empresas. Ou seja, tratam-se de locais de recolha de material tão diverso como vestuário, electrodomésticos, móveis, enfim, material que apesar de, em muitos casos, não ser novo, pode ser restaurado e reutilizado por quem mais precisa. As duas lojas ficam em instalações da Câmara, nos bairros de habitação social do Bairro do Cabeço, no Tortosendo, e na Urbanização das Nogueiras, no Teixoso.
Segundo o presidente da Junta de Freguesia do Teixoso, Carlos Mendes, a loja da sua terra terá um tipo de artigo diferente daquele que será posto à disposição dos carenciados do Tortosendo. “Aqui vamos ter electrodomésticos e mobiliário. No Tortosendo serão roupas” afirma, salientando que os artigos serão usados, mas devidamente reparados, por forma “às pessoas poderem utilizá-los”. Artigos dados por particulares e empresas, já que a “Câmara deverá fazer acções para sensibilizar os comerciantes locais a ajudarem a preencher este espaço”.
Carlos Mendes recusa a ideia de que estes espaços sejam “lojas dos pobres”. “Não podemos fazer passar essa mensagem. O objectivo é dignificar estes espaços e concentrar aqui artigos que muitas vezes andam dispersos. Há, frequentemente, quem queira oferecer coisas que já não usa e não sabe a quem dá-lo. Por exemplo, na época dos incêndios, tivemos pessoas que ofereceram algumas coisas, como fogões ou esquentadores, mas não havia um diagnóstico das necessidades. Não se sabia muito bem a quem entregar. Esta é uma resposta a isto” afirma. O presidente da Junta do Teixoso, explicando o funcionamento da loja, diz que técnicos dos serviços sociais da Câmara irão fazer um levantamento para verificar as necessidades de cada agregado familiar para aferir se “são mesmo necessitados. Uma coisa é ser pobre, a outra é ter, em algum momento da vida, dificuldades, quer por doença ou devido ao facto de algum elemento do agregado familiar ter ficado no desemprego” explica o autarca.
Carlos Mendes diz que, para se ter acesso ao apoio, os agregados familiares terão que se candidatar ao mesmo, e mediante uma avaliação feita por técnicos da Câmara, saberão se têm ou não direito ao mesmo. “Muitas vezes as pessoas têm carências, mas ignoram o cariz destas iniciativas. Frequentemente pensa-se que, quanto mais se tem melhor, o que é errado”.
A loja já recebeu algum material disponível, mas de futuro será, segundo o autarca, criado um armazém, também na Urbanização das Nogueiras, que possa acolher as dádivas que forem chegando. “A ideia é ter uma loja de qualidade” salienta. As lojas sociais não estarão abertas durante toda a semana, havendo determinadas horas e dias para que as pessoas possam ter acesso ao material ali armazenado.



"O desemprego está a atingir a nossa terra"



Fazer passar a ideia de que é preciso ajudar quem precisa é, para Carlos Mendes, fundamental. Até porque, diz, “o desemprego está a atingir a nossa terra”.
O bairro onde está instalada a loja social tem “algumas famílias com pessoas desempregadas”, um factor que “penso que pesou para a instalação da loja”, apesar de, para Carlos Mendes, ter sido mais importante o facto de ser nas Nogueiras que estava o único espaço disponível para a loja. O autarca, porém, diz que o bairro precisa de visibilidade, de modo a que não seja visto como uma espécie de “gueto social”. “Não podemos criar a ideia de só para ali vai gente na miséria” afirma. Por isso, também alguns cursos de formação profissional serão ali promovidos.
O fecho da Fiper, no ano passado, veio contribuir, segundo o autarca, para agravar algumas lacunas do ponto de vista social. “Apesar de terem sido pagas indemnizações, a verdade é que há cá pessoas que com 50 anos são muito novas para ir para a reforma, mas velhas para arranjarem emprego. E essas pessoas precisam de ajuda, porque o dinheiro também se esgota” afirma Carlos Mendes. Que salienta ser esta “uma realidade com a qual temos que saber lidar”.