Por Elisabete Cardoso



A UBI acolheu uma conferência e um concerto dedicados a Lopes Graça

O Orfeão da Covilhã e a Universidade da Beira Interior, no âmbito dos seus aniversários, 80 e 20 anos, respectivamente, uniram-se para celebrar o aniversário de nascimento de um dos maiores músicos e compositores portugueses.
O programa consistiu numa conferência/concerto e contou com as participações do Coro do Orfeão da Covilhã e da orquestra de sopros da EPABI, que interpretaram obras de Lopes Graça e ainda, com dois oradores que conhecem bem o compositor, Jorge Rodrigues, jornalista da Antena 2 e o pianista António Toscano.
Fernando Lopes Graça é considerado por muitos o maior compositor português do século XX, devido ao currículo invejável que alberga. Depois de ingressar no Conservatório Nacional de Lisboa, ganha uma bolsa para estudar em França, que lhe é recusada por motivos políticos, foi professor na Academia de Música, júri do concurso internacional Bela Bartók em Budapeste, presidente da comissão para a reforma do ensino musical, entre muitos outros.
No entanto, até à revolução de Abril, enquanto que era condecorado em vários países da Europa (foi-lhe até atribuída a nacionalidade francesa, que recusou), em Portugal era perseguido e criticado. José Rodrigues considera-o “um exemplo de patriotismo, pois amava o seu país e o seu povo, independentemente de tudo o que sofreu”.
Nesta altura de grande controvérsia compôs as canções populares que hoje se ouvem por todas as aldeias portuguesas. Canções que mostravam o povo trabalhador e reprimido. Por tudo isto, António Toscano encara “a sua obra uma homenagem ao nosso país, à nossa música, aos nossos poetas, à nossa terra”.
Grandes poetas como Fernando Pessoa, Almeida Garrett, Sophia de Mello Breyner, Bocage, Antero de Quental, entre muitos outros foram “alvo das composições de Graça Lopes.
Segundo José Barata Gomes, presidente do Orfeão da Covilhã “ele soube cantar como ninguém a essência da música do seu povo”, nessa medida merece todo o respeito e reconhecimento pela sua obra, pois “um artista é aquilo que deixa”.