Urbi@Orbi – Uma das grandes aposta da nova equipa reitoral é conferir um cunho qualitativo mais relevante à UBI. Quais as mudanças que gostaria de sentir nos próximos anos?
Amélia Augusto – Deveríamos ser capazes de, a curto prazo, implementar um sistema integrado de informação. Já eram produzidos dados e continuam a ser produzidos, mas a meu ver não estão a ser produzidos com sentido estratégico.
Hoje em dia precisamos de dados não apenas para termos estatísticas, mas para que tenhamos indicadores que nos permitam orientar em termos estratégicos, o que só é possível a partir de um diagnóstico. E eu gostaria de ter um sistema integrado de informação em que esta fosse produzida com base em propósitos, para dar resposta a algumas exigências da agência de acreditação, para dar resposta a futuras avaliações da EUA, mas também, e sobretudo, para dar resposta às nossas dúvidas e para nos permitir reorientar as práticas e conseguir melhorias.
Estas condições podem não ser conseguidas todas ao mesmo tempo, mas há áreas que são nucleares e que exigem um diagnóstico. Isso só pode acontecer se tivermos a capacidade de produzir dados fiáveis que nos permitam fazer análises fidedignas. Alguns desses dados existem, só que são produzidos por uma multiplicidade de fontes e muitas das vezes nem sequer são coincidentes. Como também se deve dizer isto nesta altura, é que, alguns dos dados necessários e exigidos, não existem de todo. Por isso, vão ter de ser construídos novos instrumentos de recolha de dados, para além de introduzir modificações nos que já existem.
Estas mudanças vão ter de acontecer e vamos ter de construir este Sistema Integrado de Informação que vai possibilitar a toda a gente um melhor trabalho. Para além de permitir aceder a dados, quando precisarmos de saber números sobre a universidade, permite também termos conhecimento onde eles se localizam, como é que estão a ser tratados e com vista a quê, isso é muito importante.
Todos os Gabinetes de Qualidade nas Universidades vão ter de trabalhar no sentido da implementação de um sistema de garantia interna de qualidade e o primeiro passo é mesmo a criação de um Sistema Integrado de Informação.
Urbi@Orbi – As análises feitas pelas entidades externas vão também servir de ferramentas de trabalho à melhoria dos serviços prestados pela UBI. De que forma as mais recentes recomendações vão ser passadas para a comunidade?
Amélia Augusto – Há relativamente pouco tempo tivemos uma avaliação da European University Association (EUA) que resultaram em algumas recomendações. Essas linhas foram tidas em conta no Plano de Acção do Reitor. Muito desse plano, no que respeita à qualidade, teve em linha de conta essas recomendações.
Claro que não podemos deixar de ter em conta a guidelines internacionais, em termos de qualidade. A agência está também a produzir informação muito relevante, como é o caso de um documento que avança com as linhas mestras de como implementar um sistema de garantia interna de qualidade e os passos que são necessários. Isso é o que temos de fazer a curto prazo, montar um sistema interno de garantia de qualidade porque esse sistema vai ser avaliado tendo em conta em que medida ele responde ou não a essas orientações.
Urbi@Orbi – Neste período preparatório foi realizada alguma análise sobre a situação actual da academia. Qual o estado qualitativo da UBI?
Amélia Augusto – Uma das coisas que nunca tinha sido feita e que agora já se realizou foi o Relatório da Concretização de Bolonha. Esse relatório é obrigatório e deveria estar a ser feito. Quando tomámos posse, o documento ainda não existia. Essa foi a primeira tarefa do Gabinete, nessa área. Como não tinha sido feito no ano anterior, nós acabámos por fazer a dois anos, ou seja, fizemos um relatório relativo ao ano lectivo de 2007/08 em que ainda não estávamos como equipa reitoral, e ao de 2008/09. A ter de produzir o documento, pensámos que fazia sentido este incluir os dois anos.
Este foi o primeiro exercício do Gabinete de Qualidade. Tivemos algumas dificuldades, nomeadamente na colecta de dados, na identificação de fontes, e é por isso que digo que um Sistema de Informação Integrada é fundamental, até porque, não é só importante ter os dados, por vezes, o mais complicado é saber onde estão. Não quero com isto dizer que não existiam instrumentos que visavam a qualidade, anteriormente. Tínhamos o questionário aos alunos, também um questionário aos docentes, alguma colecta de informação sobre a oferta formativa e sobre o sucesso escolar, mas como disse, esses dados encontravam-se dispersos e não estavam reunidos de uma forma estratégica. Ou seja, serviam apenas como acumulação de orientação estatística e muitas das vezes não estavam a ser feitos com vista a reorientar práticas.
Este nosso trabalho está agora disponível na Internet e pode ser consultado. Pedíamos mesmo que o fizessem, também no sentido de verificar os dados que temos até aqui. Alguns dos números podem não corresponder à realidade, mas são os que existem, e é bom actualizá-los. Nós só poderemos saber onde existem falhas quando formos alertados para isso. Simultaneamente, fizemos também a proposta de criação do único curso novo que a UBI propôs.
“Há a intenção de acreditar os Gabinetes de Qualidade”
“Há que modificar mentalidades a fim de implementar culturas de qualidade”