Urbi@Orbi – E neste momento, o trabalho está a incidir mais em que áreas?
Amélia Augusto – Estamos em pleno processo de pré-acreditação de cursos. Temos mais de cem cursos e neste momento todos os directores estão a trabalhar para submeterem esse pedido de pré-acreditação à agência A3ES. O que o gabinete se comprometeu a fazer nesta fase foi a fornecer todos os dados estatísticos e alguns sobre algumas questões em particular que a agência pedia.
Gostava que os directores de curso vissem isso como uma tentativa da própria reitoria em desburocratizar o trabalho dos directores de curso. Até agora estes perdiam muito tempo na recolha de dados, nos pedidos destes e na procura das fontes, e esse é um trabalho que, a partir deste momento, vai ser feito pelo Gabinete de Qualidade.
Urbi@Orbi – Todo o processo de acreditação é muito vasto, com os mais de cem cursos a serem submetidos. Depois da recolha de dados quais foram os passos?
Amélia Augusto – Este é um processo que exige alguns dados, mas que não é complicado. Ao início tínhamos algumas pessoas com um certo receio da possível burocracia desta medida, porque ainda tinham em mente algumas das questões necessárias aquando da adequação ao Processo de Bolonha.
Nesta primeira fase, este ainda não é um processo muito exigente. Por exemplo, por agora ainda não é necessário fornecer, em relação às unidades curriculares, os objectivos, o programa ou mesmo a bibliografia. Nesta fase são pedidos dados sobre todos os ciclos de estudos, sendo que a agência focaliza-se muito mais no corpo docente, solicitando fichas individuais dos docentes afectos aos ciclos de estudos, nomeadamente sobre a sua produção científica e sobre a sua participação em actividades profissionais relevantes. E está também interessada em alguns dados quantitativos sobre os cursos, o sucesso escolar, se os alunos concluem no tempo devido as suas formações, as saídas profissionais, quanto tempo os nossos diplomados levam a entrar no mercado de trabalho, também o número de alunos formados por ano e outra coisa importante, que tem a ver com as escolhas dos nossos ciclos de estudos como primeira opção.
Ainda não entra em linha de conta com as descrições dos objectivos do ciclo de estudos, nem com as metodologias de ensino/aprendizagem, objectivos ou conteúdos programáticos. São dados bastante mais quantitativos e que vão permitir à agência ter um primeiro retrato dos ciclos de estudos. Esperamos que nesta fase todos os nossos cursos venham a ser acreditados.
De relembrar que esta foi uma opção da reitoria, e por isso vão ser instruídos todos os processos, independentemente de se tratarem de cursos que estão ou não a funcionar. Nós temos alguma oferta formativa que, neste momento, não está em funcionamento. Trata-se de ciclos de estudos aprovados pela Direcção Geral do Ensino Superior (DGES), mas que nunca funcionaram, por vários motivos, ou porque não tiveram procura, ou porque ainda não se concluiu o primeiro ciclo de estudos e por isso ainda não deram início ao segundo. Mas todos esses ciclos vão ser sujeitos à pré-acreditação, porque embora nesta fase eles não estejam a funcionar, não podemos correr o risco de, no futuro, eles terem procura e não estarem pré-acreditados. As formações que não forem pré-acreditadas não poderão estar em funcionamento.
Urbi@Orbi – E haverá algum desses riscos para a UBI?
Amélia Augusto – Espero bem que isso não aconteça. Mas também não temos indicações de qual será a política da agência em relação a esses cursos que não estão a funcionar. Sabemos que podemos submetê-los, mas não temos outras indicações.
Esses cursos, de certa forma, também apresentam uma desvantagem. Todos os dados necessários para caracterizar os cursos, no caso destes, não existem.
Nos cursos que nunca funcionaram não temos dados relativos ao sucesso escolar ou ao número de alunos, entre outros; temos corpo docente afecto, mas que efectivamente não lecciona, e isso poderá ser um problema.
Urbi@Orbi – E no futuro, que passos se seguem?
Amélia Augusto – Há a intenção, por parte da própria agência, em acreditar os Gabinetes de Qualidade. Gabinetes que venham a ser reconhecidos e acreditados pela agência podem propor cursos sem terem de passar pela aceitação da agência, coisa que, neste momento, não é possível. Essa é uma etapa para a qual temos mesmo de trabalhar, no sentido de conseguir a acreditação. Para além da autonomia, seria também um significativo reconhecimento.
Urbi@Orbi – No que diz respeito ao reconhecimento do trabalho. Como vê esse aspecto aqui, no seio da própria comunidade científica?
Amélia Augusto – Foi muito gratificante ir às faculdades. Penso que é importante mostrar que o nosso gabinete não é apenas um local na Reitoria onde se tratam dados.
O gabinete foi a todas as Faculdades esclarecer dúvidas sobre o processo de acreditação, sobre a plataforma providenciada pela agência, providenciar alguns esclarecimentos que seriam importantes e esse contacto foi produtivo para nós, porque nos permitiu reflectir sobre algumas questões que só a prática de quem introduz dados e trabalha com estes adquire, e também nos permitiu colocar algumas dúvidas à agência e ter respostas relevantes para que o processo seguisse os passos. Foi também importante pelo contacto com todos os directores de curso.
Para mim, o reconhecimento do Gabinete de Qualidade por parte da academia passaria por conseguir fomentar em toda a comunidade a capacidade de pensar na qualidade como uma prática quotidiana, levando a que as pessoas fossem auto-reflexivas sobre as suas práticas, mas também sobre cursos e a Universidade. As questões da qualidade começam com cada um de nós e maximizam-se com um esforço conjunto, na coordenação de todas essas práticas. O reconhecimento máximo seria, num curso prazo, a efectiva vivência de uma cultura da qualidade. Uma verdadeira cultura de qualidade é assim, não existe no que se possa escrever sobre ela, ou apenas na informação produzida, incorpora as nossas práticas e torna-se um comportamento normal.
“Há que modificar mentalidades a fim de implementar culturas de qualidade”
“Um sistema integrado de informação vai permitir um melhor trabalho para todos”