“Para quê criar? O que é a incerteza? Que valores queremos e necessitamos para a nossa sociedade? Para quê que as cidades estão tão iluminadas? Estamos a ser inteligentes o suficiente para superar a crise?” Foi com estas perguntas que Inmaculada Jiménez, professora catedrática da Universidade do País Basco, iniciou a sua intervenção. Estas perguntas tinham o intuito de levar os ouvintes a refletirem se “projetar é uma perda de tempo nos dias de hoje”.
“As condições sociais e económicas revolucionam as sociedades e por consequência o design”, afirmou Jiménez. O desemprego espanhol é o que tem maior percentagem da Europa, e em Espanha os cerca de 1600 mais ricos possuem 85 por cento do produto interno bruto (PIB). Face a estes números, Jiménez questiona as condições em que vivem os 47 milhões de espanhóis. Segundo a professora, a crise alastrou-se pelo excesso de consumo e pela falta de produção, em relação a isto acrescentou ainda “o consumidor é um gigante adormecido que pode acordar e mudar as coisas”.
“É necessário que os governos se preocupem em priorizar o ensino, pois os valores simbólicos, ou seja, os valores morais são mais importantes numa sociedade que os económicos”, disse Jiménez. A professora volta a exemplificar com o caso espanhol dizendo que um governo que retira as casas às pessoas com as hipotecas não é um governo preocupado com as pessoas. Aponta também para a apropriação dos meios de comunicação social, e aqui dá o exemplo de Berlusconi, que possui quase a totalidade dos media italianos. “O que faz a diferença são os valores e a esperança”, rematou.
Jiménez apelou aos designers para que tenham esperança e percebam o contexto cultural e biológico das formas que criam, pois “o processo é a chave do resultado final”. A professora citou Gandhi para “exprimir melhor” disse ela, o que gostava que os ouvintes levassem da sua mensagem: “Se queres mudar o mundo, muda-te a ti mesmo”. No final da sua intervenção de 30 minutos, Jiménez disse que o mais importante na vida de um designer é a sua imaginação.