O general Wiranto e os militares que o rodeiam são culpados de crimes contra a humanidade em Timor-Leste, garantiu hoje, em Banguecoque, o vice-presidente do Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT), José Ramos-Horta.
"Temos centenas de testemunhas que podem apresentar-se no
tribunal para provar que o general Wiranto e os cinco outros generais
implicados pela Indonésia nas atrocidades em Timor-Leste são de facto
culpados", assegurou o dirigente timorense, numa conferência de
imprensa no Clube de Correspondentes Estrangeiros da Tailândia.
Ramos-Horta disse existirem provas concretas de que os
massacres em Timor-Leste foram "planeados, apoiados e feitos com
colaboração do exército indonésio", que organizou as milícias com
mais de 2000 homens de fora de Timor-Leste, nomeadamente da parte
ocidental da ilha e de Flores, para efectuarem a destruição do
território.
"A cadeia de comando chefiada pelo general Wiranto tinha
conhecimento de tudo o que se estava a passar e nós próprios tivemos
acesso a documentos que davam a conhecer os planos da Indonésia que
visavam a destruição de Timor-Leste caso a consulta popular fosse
favorável à independência", referiu Ramos-Horta.
O dirigente timorense recordou que em Junho, numa reunião
realizada em Jacarta, o general Wiranto afirmou que em dois dias
poderia desarmar as milícias e estabelecer uma situação de
tranquilidade no território.
"Se o general Wiranto não o fez, foi porque queria a
destruição de Timor-Leste no âmbito de um plano desenhado pelos
militares indonésios", acrescentou Ramos-Horta.
O dirigente timorense disse ainda esperar que a "Indonésia
seja suficientemente forte para levar o general Wiranto e os outros
cinco generais incriminados nos massacres de Timor-Leste a tribunal e
condená-los pelos crimes cometidos contra a humanidade".