José Geraldes
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Universidade da Terceira Idade
na Covilhã?
O tema dos idosos continua na ordem do dia. Depois da celebração do
Ano Internacional do Idoso, no ano passado, as iniciativas ainda se
multiplicam, a vários níveis.
Há uma semana, em Coimbra, decorreu um congresso subordinado ao tema:
"O Idoso no ano 2000". Na Covilhã, em dois dias seguidos, na
passada semana, os idosos foram o centro de seminários promovidos por
organismos diferentes: Misericórdia do Fundão e Associação de
Socorros Mútuos Mutualista Covilhanense.
A Misericórdia do Fundão centrou a sua acção em colaboração com a
Rede Anti-Pobreza para libertar os idosos da esmola da assistência
pontual. E do Seminário saiu a criação de um núcleo regional da
Beira Interior da Rede Europeia Anti-Pobreza para que, na expressão do
seu director, em Portugal, Agostinho Jardim, os idosos fiquem "sem
dependência de subsídios". O Seminário da Mutualista
Covilhanense acentuou a temática nos direitos das pessoas idosas e
famílias, enriquecida com experiências de vários pontos do País.
Não é de admirar que tais iniciativas tenham surgido. Com a elevação
do nível de esperança de vida, a população idosa tende a aumentar.
Segundo as últimas estatísticas, haverá mais idosos em Portugal, do
que jovens entre 2010 e 2015. Por isso, os seus problemas devem
continuar a ser discutidos para encontrar soluções válidas e justas.
Na bela carta que João Paulo II escreveu sobre a Terceira Idade, pode
ler-se: É próprio de uma civilização plenamente humana respeitar e
amar os anciãos para que estes se sintam, apesar da diminuição das
forças, parte viva da sociedade". E ainda: "Todos conhecemos
exemplos eloquentes de anciãos com uma surpreendente juventude e força
de espírito".
No estudo divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE), Portugal aparece como o quinto país menos envelhecido da Europa.
"Mas é imperioso sublinhar que, nos outros países da Europa, os
idosos, depois da aposentação, raramente ficam inactivos. Em regime de
voluntariado ou em remuneração meramente simbólica, encontram-se em
postos de aconselhamento e mesmo de responsabilidade activa e em
prestação de serviços a organismos de vária ordem até de carácter
internacional.
O fenómeno começa já a verificar-se em Portugal igualmente. Gestores
de grandes empresas de bancos e seguradoras, professores catedráticos
das universidades, docentes do ensino complementar e de outras
profissões aposentam-se ainda com saúde e recursos intelectuais aptos
a prestarem serviços à comunidade.
Há, por outro lado, os que fizeram cursos intermédios e mesmo do
ensino secundário e pessoas com a chamada antiga quarta classe que
gostariam de ampliar conhecimentos nos novos ramos do saber.
Na Europa, para dar resposta a este problema, funcionam em muitas
cidades e, com bom aproveitamento, as Universidades da Terceira Idade.
As inscrições chegam até a ultrapassar as previsões. Trata-se de um
serviço solidário para com todos: os que se oferecem para ensinar e os
que desejam aprender mais. A formação, ao longo da vida, hoje é uma
exigência das sociedades modernas.
A Covilhã reúne neste momento, as condições para se criar a
Universidade da Terceira Idade. Mário Raposo, Vice-Reitor da UBI, no
encerramento do Seminário promovido pela Misericórdia do Fundão,
ofereceu a total colaboração da UBI. O Pelouro da Cultura da Câmara
Municipal da Covilhã tem manifestado o interesse pela iniciativa.
A criação da Universidade da Terceira Idade na Covilhã seria uma
forma de assinalar com brilho o Ano Internacional do Idoso cuja
avaliação está prevista para Março próximo. Quem dá o primeiro
passo?
Em África, um idoso é considerado "uma biblioteca viva". Em
união de esforços, não deixemos perder a ocasião de abandonar as
"bibliotecas vivas" que temos na Covilhã para ministrar
conhecimentos e para os que desejam frequentar as aulas da UBI.
O desafio está lançado. Venha a Universidade da Terceira Idade da
Covilhã!
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